Fortes explosões abalaram hoje a capital do Iémen, Sanaa. Membros da mais poderosa federação tribal continuam combates para derrubar o presidente Ali Abdullah Saleh. Pelo menos 37 pessoas morreram e dezenas de outras ficaram feridas.
Combatentes governamentais e tribais estão a lutar pelo controlo de edifícios ministeriais na capital ao mesmo tempo que a casa do chefe da tribo Hashid, o Sheik Sadeq al Ahmar continuou também a ser atacada.
Tiroteios puderam hoje ser ouvidos através de Sanaa ao mesmo tempo que feridos eram transportados por ambulâncias para os hospitais. Alguns residentes continuam a deixar a cidade procurando a relativa segurança de aldeias vizinhas enquanto aqueles que permanecem na capital continuam a açambarcar bens básicos com alimentos e gasolina.
Mesmo no meio deste caos manifestantes continuam a sua vigília na capital a exigir a demissão do Presidente Saleh.
Na cidade de Taiz, no Sudoeste do país, manifestantes anti-governamentais estão contudo ainda a tentar recuperar da violenta repressão que começou no Sábado em que morreram dezenas de pessoas.
Ainda no sudoeste do países militantes estão a consolidar o seu controlo sobre a cidade de Zinjibar.
Notícias indicam que os revoltosos querem estabelecer um emirato muçulmano na região mas há notícias contraditórias sobre os seus objectivos concretos para além claro está do derrube do presidente Saleh.
Este objectivo é a possível força unificadora dos vários grupos da oposição. Mas Nasser Arrabyee, um analista e escritor Iemenita em Sanaa disse que é preciso haver uma visão mais alargada do que apenas o derrube do presidente.
“A Arábia Saudita e os Estados Unidos são os principais intervenientes em termos de se estudar qual é o próximo passo a dar após o afastamento de Saleh. Infelizmente a nível interno, o povo e a oposição apenas pensam em como afastar Saleh. Esse é o problema da oposição iemenita,” disse.
A Arábia Saudita joga um papel importante no plano do Conselho de Cooperação do Golfo, apoiado pelos Estados Unidos, para uma transição de Saleh para um governo mais representativo.
O presidente já rejeitou o plano três vezes o que irritou ainda mais os grupos da oposição.
Contudo as diferentes ideologias e tácticas da oposição com combates de rua em Sanaa, a tomada de Zinjibar por militantes e manifestações pacíficas em várias outras cidades indicam que não há uma alternativa óbvia a Saleh.
O analista político Nasser Arrabiyee acredita que se houvesse, a Arábia Saudita e os Estados Unidos tentariam substituir o presidente imediatamente.
“Não quero dizer com isto que não haja ninguém que possa substituir Saleh. Mas o Iémen era nominalmente democrático mas na pratica quase que um regime totalitário. Portanto a curto prazo é difícil encontrar essa pessoa. Mas se conseguissem abrir caminhos para eleições credíveis então essa pessoa irá aparecer, haverá boa liderança e estabilidade,” disse ele.
Mas com combates através do país a possibilidade de eleições e estabilidade permanece algo de longínquo.
Alguns observadores de longa data no Iémen pensam que personalidades que no passado lidaram com a instabilidade do país poderão jogar um papel no futuro imediato.
Um antigo oficial militar americano que esteve estacionado no Iémen aponta o General Mohamed Qasimi, que se afastou recentemente das forças do governo, como exemplo .
Essa fonte, que escolheu o anonimato, disse que Qasimi jogou um papel chave em pôr termo à guerra civil que terminou nos anos de 1990 e também na supressão ainda que temporária de uma rebelião no norte.
Há também vários líderes tribais que poderão potencialmente liderar o governo pós Saleh.
Entre esses contam se os membros da federação Hashid que actualmente combate as forças do governo na capital.
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