A subida do preço da gasolina está a reflectir-se nos salários e no consumo de combustíveis dos americanos, assim como no apoio ao presidente Barack Obama, de acordo com uma sondagem conjunta do Washington Post e da cadeia de televisão ABC.
Cerca de seis em 10 inquiridos disseram que reduziram o uso dos seus carros devido ao aumento do preço dos combustíveis e sete em cada 10 disseram que a subida dos preços está a afectar as suas finanças.
Obama, tal como anteriores presidentes em tempos de subida do preço dos combustíveis, está a sofrer com isso. Apenas 39 por cento daqueles que qualificam os preços da gasolina como um “serio revés financeiro” aprovam a forma como está a governar e 33 por cento deles afirmam que está a fazer um bom trabalho sobre a economia.
A Administração de Informação da Energia disse segunda-feira que o preço da gasolina subiu na semana passada para os três dólares e 88 cêntimos o galão (um galão são cerca de quatro litros), uma subida de 88 cêntimos desde o princípio do ano. Trata-se da maior subida desde Agosto de 2008, antes da crise financeira.
Esta subida de preços dos combustíveis pode abrandar a campanha para a reeleição de Obama. A sondagem Post/ABC mostra que 60 por cento dos independentes que afirma terem sido atingidos pela subida da gasolina disseram também que definitivamente não irão apoiar Obama na sua corrida para a reeleição.
Num hipotético confronto com o antigo governador do Massachussetts, Mitt Romney, o principal candidato republicano na sondagem Post/ABC, Romney ganha por 24 pontos entre os independentes que foram atingidos financeiramente pela subida dos preços da gasolina e o presidente Obama está sete pontos acima entre outros independentes.
Numa acção de angariação de fundos na semana passada no sul da Califórnia, onde os preços da gasolina são os mais elevados do país, Obama reconheceu o perigo político da subida dos preços da gasolina. Disse na altura que os seus números de sondagem sobem e descem dependendo da última crise e presentemente os preços dos combustíveis estão a pesar muito sobre as pessoas.
Christopher Knittel, professor de economia aplicada do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), disse que os consumidores são menos sensíveis hoje do que no passado especialmente quando comparado com os anos 70. Com o crescimento de famílias com dois salários e outras mudanças sociais, os condutores estão mais inclinados a verem a sua condução diária como discricionária.
Mas o professor Knittel acrescentou que se os preços continuarem a subir, começam a mudar o tipo de carros que compram e os fabricantes começam a mudar os carros que oferecem.
Knittel disse que o aumento do preço da gasolina é em parte resultado da recuperação económica. Uma das razões porque os preços estão altos e porque estamos a sair da recessão, disse. Trata-se de uma espécie de coisa agridoce. A economia está a ficar forte, mas está a atingir ao mesmo tempo os nossos bolsos.