2 Fev 2011 - Analistas brasileiros consideram que o Brasil ainda precisa dar mais provas de preparo para ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Brasil tem, neste momento, apenas um lugar rotativo no Conselho, para o biénio 2011-2012.
Apesar de abraçar uma forte campanha pelo direito de ocupar um lugar no Conselho da ONU, o país, segundo estudiosos, ainda precisa amadurecer sua política externa, antes de almejar uma posição de tamanha exposição.
Para o professor de Direito Internacional, Delber Andrade, o Brasil tem tentado mostrar que está preparado, mas um eventual ingresso no Conselho significaria que “quando o país se posicionar em relação a uma decisão polêmica vai ter que arcar com um custo muito maior do que ele tem hoje”, afirma.
O especialista lembra que, nas aprovações das últimas resoluções contra o Irã no Conselho o país não se manifestou porque discordava delas. “Se o Brasil fosse membro permanente, com poder de veto, uma negativa brasileira significaria que a decisão não iria passar e isso iria despertar a ira dos Estados Unidos e dos principais países europeus”, explica.
Diplomacia controversa
O Brasil tem reivindicado uma posição de país que se coloca de maneira central na agenda internacional, no entanto, a diplomacia brasileira ainda é um ponto em aberto. “Uma série de posicionamentos diplomáticos brasileiros tem sido muito criticada”, lembra Andrade.
O cientista político da Universidade Federal de Brasília (UNB), Carlos Peregrino, também avalia que o Brasil ainda precisa amadurecer sua política externa antes de assumir um posto desses. “Já fizemos muito em passado recente, mas temos que nos abrir ao mundo desenvolvido. Precisamos deixar um pouco de lado a política de vizinhança com os países pobres e dar ênfase também na relação com aqueles países mais desenvolvidos”, afirma.
Quem ganha
A vitória brasileira na batalha por um posto permanente no CS depende de muitos aspectos, sobretudo da uma reforma do órgão. Mas, ocorrendo traria benefícios para outros países. Para analistas, antes das nações de língua portuguesa ou dos países apoiados pelo Brasil, como os africanos, uma eventual entrada brasileira beneficiaria, sobretudo, as nações emergentes. “É um destaque para países que não têm presença militar, econômica e política a ponto de ser comparado com outros como Estados Unidos e outros”, avalia Carlos Pelegrino.
Para Delber Andrade, os benefícios do ingresso brasileiro na ONU estão centrados em dois focos. “O Brasil tem dito que vai ser, em um primeiro momento, importante para países em desenvolvimento, que estão no mesmo nível brasileiro, têm os mesmos problemas e não são ouvidos”, afirma. “A entrada do Brasil mostraria que o sistema internacional está aberto para a discussão entre os mais desenvolvidos e aqueles em vias de desenvolvimento”, completa. O segundo ponto é que o Brasil se apresenta como pequena liderança na América Latina, sendo assim, “os interesses da região poderiam ser colocados um pouco mais claros nesse Conselho,” encerra Andrade.