No Senegal, dois líderes da oposição anunciaram que iriam dar o início a campanha eleitoral no Domingo com vista a derrotar o presidente Abdoulaye Wade.
Contudo outros políticos da oposição continuam firmes na rejeição da candidatura do presidente Wade.
Nick Loomis da VOA no Senegal reporta que existem dúvidas que uma oposição divida venha a vencer o ainda presidente senegalês.
É mais uma ruptura na já fragmentada oposição senegalesa. Macky Sall e Moustapha Niasse decidiram avançar com os preparativos para a campanha eleitoral que oficialmente tem o início previsto para este Domingo. Pelo menos até ao anúncio dos seus engajamentos, pensava-se que esses timoneiros fossem engrossar a frente popular contra a candidatura do presidente Wade.
O analista político senegalês, Abdoul Lo duvida no entanto do engajamento desses dois políticos.
“Para mim, eles estão a cometer um grande erro porque Wade está tão confiante que vai ganhar. Se eu for um pouco prudente, tenho que acreditar nisso porque eles têm talvez fortes garantias que irão atingir os seus objectivos.”
O presidente Abdoulaye Wade superou o seu primeiro obstáculo no Domingo passado, quando o Conselho Constitucional tornou público a sua decisão lhe permitindo um terceiro mandato, pese embora a constituição limite em dois o número de mandatos presidenciais.
Em consequência, os partidos da oposição chegaram ao acordo de que a independência dos tribunais estava comprometida e que o presidente Wade não tem o direito a apresentar-se as eleições do próximo dia 26.
Abdoul Lo diz que o resto da oposição tem pela frente uma difícil decisão, ou dão o início a campanha ou boicotam a votação.
“Se eles não participarem, ele irá sozinho. Se eles participarem, ele os vencerá, e como disse anteriormente, por todos os meios necessários. Portanto entendo que isso está um pouco complicado para eles.”
Existem também fricções dentro da oposição entre entidades políticas e não politicas, como ficou demonstrado nos protestos da Terça-feira. Os organizadores e políticos pretendiam uma manifestação pacífica, isso enquanto o público propunha marchar em direcção ao palácio presidencial. A falta de consenso acabou por criar confrontos no qual um manifestante viria a ser morto. O ministro doas negócios estrangeiros Madické Niang dizia ontem que a polícia teve de reagir a violência dos manifestantes.
O ministro Niang adiantou que se o povo senegalês deseja expressar-se numa forma legal, deve faze-lo mas devem estar atentos aos que pretendem criar a violência. Madické Niang concluiu dizendo que o que aconteceu foi no interesse da segurança nacional.
A Amnistia Internacional apelou ao presidente Wade no sentido de dar uma ordem clara as forças de segurança segundo a qual o uso letal da força só é permitido quando a vida dos seus membros estiver em perigo.
Três outras pessoas tinham sido mortas na passada Sexta-feira em protestos contra a candidatura do presidente Abdoulaye Wade. Na sua alocução ontem na televisão, o ainda presidente de 85 anos qualificou os confrontos de “uma brisa ligeira” e não enviou condolências aos familiares das vítimas.