A liberdade de imprensa está em crise acentuada em Moçambique, nos últimos anos, depois de um período de relativo respeito por parte dos poderes político, económico e judicial, dizem os profissionais do setor.
A recente destruição, por incendio, com indícios de fogo posto, da redação do jornal Canal de Moçambique não deixa espaço para dúvidas de que a liberdade de imprensa está mesmo sob ataque em Moçambique, aparentemente pelos poderes político e económico.
Muita gente acredita que o Canal de Moçambique tem sido vítima por causa da sua verticalidade contra esquemas de corrupção e pilhagem de recursos públicos, envolvendo pessoas singulares, coletivas ou ligadas a instituições do estado e privadas.
Por causa dessa verticalidade, o seu diretor executivo, Matias Guente, tornou-se cliente quase permanente dos tribunais.
Recentemente foi chamado pelo Ministério Publico por causa de um artigo que denuncia um contrato considerado confidencial assinado pelos ministérios da Defesa Nacional e do Interior com as empresas Anadarko, agora Total, e Eni, ora Mozambique Rovuma Venture, sobre a segurança em Cabo Delgado.
O jornal de Guente é acusado de ter violado segredo de Estado.
O Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), com mais de dois mil membros, reconhece através do seu secretário-geral, Eduardo Constantino, que a imprensa atravessa um período de grande turbulência.
O MISA, organização não-governamental de defesa da liberdade de imprensa na região da África Austral, também reconhece a crise, que é agravada pela guerra em Cabo Delgado.
O MISA-Moçambique disponibiliza apoio técnico a Matias Guente.
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