Angola precisa de um novo partido que tenha verdadeiras soluções para o país e não seja parte de um sistema que se perpetua sem possibilidades de mudança, disse o líder do recém formado Movimento de União Nacional (MUN), Karl Mponda.
Ao participar no programa “Angola Fala Só”, Mponda afirmou que, actualmente, Angola tem um sistema baseado numa classe da oposição e outra da oposição e é preciso agora haver “uma classe da solução”.
Devido a esse sistema, disse Mponda, é uma ilusão pensar-se em mudanças políticas em Angola.
O dirigente do MUN rejeitou por isso a ideia de que estejam a ocorrer mudança sob a governação do Presidente João Lourenço.
O combate contra a corrupção é “apenas um jogo político” em que “pessoas secundárias” têm sido presas.
Karl Mponda afirmou que pessoas influentes que foram inclusivamente acusadas de corrupção no estrangeiro continuam em liberdade e deu como exemplo o caso do antigo vice presidente Manuel Vicente.
“João Lourenço está a dar uma imagem que não é real”, acrescentou, dizendo que "nada vai mudar e o MPLA vai continuar a ser igual”.
Mponda desvalorizou também o papel do principal partido da oposição, a UNITA, afirmando que este movimento existe graças ao MPLA que o poderia ter eliminado após a morte de Jonas Savimbi.
“Temos uma oposição criada pelo regime”, disse Mponda para quem “a UNITA tem uma dívida para com o MPLA”, que "não é uma dívida de dinheiro, é a dívida da vida”.
O sistema criado em Angola nunca permitirá a vitória da UNITA que falhou como organização da oposição, na óptica de Mponda, lembrando que "a UNITA há 54 anos que não ganha nada".
O dirigente do MUN apelou os angolanos a apoiarem a sua organização como um partido que não é da oposição mas um partido “da solução”.
“Temos que pensar no futuro”, defendeu.
Para Karl Mponda é preciso haver uma unidade da oposição não como coligação, mas como “um bloco” para que em futuras eleições haja só um candidato presidencial às eleições e que apresentou uma proposta nesse sentido aos partidos da oposição que a rejeitaram.
Mponda disse que a sua organização já pediu a legalização como partido.
O MUN, disse, defende um partido federal para Angola e a realização de uma Conferência Nacional Soberana para se estabelecer a verdade sobre as atrocidades cometidas no passado por todas as partes.
O sistema federal, disse, "iria permitir a solução das questões de Cabinda e das Lundas".
Karl Mponda defendeu conferências com as partes interessadas nessas questões, como a FLEC de Cabinda, e acrescentou que de momento não existe a possibilidade de uma solução porque “o regime não tem a capacidade de negociar”.
Interrogado sobre o plano governamental para privatizar a Sonangol, Mponda disse que o plano é “reflexo da incompetência do MPLA”.
Um problema a que Angola faz face é que de momento “não há projecto económico”.