Há uma tendência de usar mal a ajuda externa em África, disse hoje o líder da UNITA, Isaias Samakuva.
Samakuva, fez a afirmação no programa “Angola Fala Só”, minutos depois de Donald Trump tomar posse como 45º Presidente dos Estados Unidos.
A reacção de Samakuva está alinhada ao questionamento da equipa de transição de Trump sobre o apoio aos países em desenvolvimento.
Segundo o diário New York Times, a equipa enviou uma lista de quatro páginas com perguntas sobre programas da política americana para África, e uma delas é sobre a quantia de ajuda americana que é “roubada”.
Para o caso concreto de Angola, Samakuva recordou que após a guerra, os países desenvolvidos queriam realizar uma conferência de doadores, mas as autoridades declinaram por não concordarem com as condições de implementação e monitoria da ajuda.
“Angola não aceitou, achou que isso era interferência e virou para a China”, disse Samakuva, que ressalva que perante situações de corrupção “os doadores vão se cansando e não têm a mão tão aberta”.
Na mesma perspectiva de falta de transparência, disse que “estamos constantemente a perguntar para onde foram os 130 biliões de dólares que resultaram da venda de petróleo.
A nossa relação é com o povo americano
No “Angola Fala Só”, Samakuva respondeu às perguntas dos ouvintes. Muitos deles queriam saber o contexto da sua participação na tomada de posse de Trump e a razão da deserção de alguns membros da UNITA em pleno processo de registo eleitoral.
Ele explicou que veio aos Estados convidado por amigos próximo da campanha de Trump.
“Mas a nossa relação - entre a UNITA e os Republicanos – é uma relação entre a UNITA e os americanos (…) com o povo americano. Não é tanto uma relação entre a UNITA e os Republicanos”, disse.
Samakuva disse que tem relações também com outro partido americano. “Aliás participamos na Convenção dos Democratas”.
MPLA montou propaganda para distrair os angolanos
Um ouvinte questionou no Facebook se a Rússia não haveria de interferir nas eleições Angolanas a favor do MPLA, uma vez que até nos Estados Unidos, que é uma potência, há suspeitas de terem interferido.
“É preocupante e estamos atentos, e a partir das lições de 2012 vamos seguir de perto para vermos até que ponto as eleições serão livres das inferências estrangeiras”, disse.
No detalhe, Samakuva recordou que “ em 2012 tivemos provas e denunciamos a interferência de serviços secretos chineses e alguns russos nas eleições angolanas”.
Quanto à deserção de membros do partido, Samakuva desqualificou os comentários que circulam afirmando que “há uma campanha de propaganda que o MPLA montou para para distrair os angolanos da realidade que o país vive”.
Argumentando que em política a mudança de partido é normal “e temos também recebido membros que vem do MPLA”, Samakuva disse que o seu partido reconhece duas deserções.
Uma é a do secretário na província do Kwanza Norte. Outra é a de “um militante que diz ter sido representante da UNITA na Holanda,” disse.