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Amnistia Internacional acusa Angola de maltratar ativistas presos


Organização pede libertação de quatro ativistas detidos há um ano e cujo estado de saúde tem vindo a deteriorar-se

A Amnistia Internacional (AI) pediu a libertação imediata de quatro ativistas detidos há um ano e acusou as autoridades angolanas de deliberadamente impedirem assistência médica aos mesmos, cujo estado de saúde tem vindo a deteriorar-se.

Adolfo Campos, Hermenegildo José conhecido como Gildo das Ruas, Gilson Moreira conhecido como Tanaice Neutro e Abraão Pedro Santos conhecido como Pensador, foram presos em setembro do ano passado antes de uma planeada manifestação em apoio aos moto-taxistas e foram condenados a dois anos e cinco meses de prisão e a uma multa de 80 mil kwanzas (cerca de 85 dólares) por “desobediência a ordens” dos agentes da polícia.

Um ano na prisão apenas por protestar pacificamente é inconcebível."
Amnistia Internacional

"As autoridades angolanas devem libertar estes ativistas sem demora, tendo especialmente em conta o agravamento do seu estado de saúde,” disse Vongai Chikwanda, diretora Regional Adjunta para a África Oriental e Austral da Amnistia Internacional.

A organização detalhou num comunicado a deterioração do estado de saúde dos ativistas.

Adolfo Campos “entrou na prisão de boa saúde, mas, durante o último ano na cadeia de Calomboloca, perdeu progressivamente grande parte da visão e está agora completamente surdo do ouvido esquerdo”, descreve a AI.

A organização acusa as autoridades prisionais de terem negado pedidos para uma cirurgia recomendada por médicos após ter sido internado de urgência em fevereiro.

A nota diz que Gildo das Ruas adoeceu em junho e agora usa uma cadeira de rodas, mas “foi impedido de a utilizar durante pelo menos quatro dias”.

No caso de Tanaice Neutro, a AI afirma que “há mais de dois anos sofre as consequências da recusa de cuidados médicos pelas autoridades prisionais” que não aceitaram a realização de uma cirurgia marcada antes da sua prisão no estrangeiro.

Ele foi preso em 2022 por alegadamente ter chamado “palhaço” ao Presidente.

A organização de defesa dos direitos humano faz notar que, neste caso, um juiz ordenou a sua libertação “mas as autoridades prisionais desafiaram essa ordem, mantendo-o encarcerado mais oito meses e impedindo a sua família de entregar medicação”.

Ele foi libertado em junho de 2023 e novamente preso em setembro com os outros ativistas e esteve em “prisão solitária durante 36 dias”.

A AI diz que apenas Abraão Pedro Santos, conhecido como Pensador, não teve até agora problemas de saúde.

A organização recorda que noutro caso as autoridades prisionais recusaram assistência médica a Ana da Silva Miguel conhecida como Neth Nahara detida em agosto de 2023 após criticar o Presidente João Lourenço num vídeo.

Não houve até agora qualquer reação das autoridades angolas, que ignoraram em agosto um apelo para a libertação desses ativistas.

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