A liberdade diminuiu no mundo pelo 18º. ano consegutivo e pelo 10º. ano em África, com Cabo Verde a ser considerado o país mais livre do continente, pela Freedom House, no seu relatório “Liberdade no Mundo 2024: Os Danos Crescentes dos Imperfeitos, Eleições e Conflitos Armados", publicado na quinta-feira, 28.
Entre os países lusófonos, Angola é o único que se mantém no grupo de Países Não Livres, enquanto Guiné-Bissau e Moçambique continuam na categoria de Países Parcialmente Livres.
São Tomé e Príncipe é o terceiro país mais livre, depois de Cabo Verde e das Ilhas Maurícias.
O relatório não surpreende ativistas da sociedade civil e analistas em Angola e Moçambique, enquanto em São Tomé e Príncipe há quem questione os dados do documento.
O documento destaca as eleições na Nigéria, Zimbabwe e Madagáscar que foram marcadas pela violência política e acusações de fraude, enquanto conflitos no Sudão e na República Democrática do Congo estiveram na origem de violações devastadoras dos direitos humanos.
No continente africano, 14 países registaram uma diminuição da pontuação contra cinco que registaram melhorias.
A nível global, o documento mostra que a liberdade diminuiu pelo 18º ano consecutivo, à medida que os direitos políticos e as liberdades civis deterioraram-se em 52 países, o que representa um quinto da população mundial.
Essa redução, segundo a Freedom House, ofuscou a melhoria da situação da liberdade em 21 países.
Em Angola, o coordenador da organização não governamental OMUNG, diz não estar "surpreso porque cada dia é uma luta pela liberdade aqui".
João Malavindele lembra que ativistas estão presos apenas por manifestaren as suas opiniões, enquanto recentemente "três foram detidos por pretenderem protestar contra o aumento dos preços da cesta básica.
Em Moçambique, também o relatório não surpreende num ano eleitoral em que houve muitos protestos e com o país numa situação de guerra em Cabo Delgado.
Décio Alfazema, diretor de programas do Instituto para a Democracia Multipartiária, considera que "as indicações apontam para uma tendência em que alguns direitos podem estar a ser limitados" e sublinha que "este cenário aponta ainda para uma situação em que o país ainda não conseguiu alcançar a sua estabilidade em termos de instituições".
Por seu lado, o analista político são-tomense Liberato Moniz afirma ter ficado surpreendido com o relatório que coloca o país como o terceiro mais livre em África.
"Entendo que este relatório não traz a realidade daquilo que nós vivemos em São Tomé e Principe nos últimos dois anos", afirma Moniz, lembrando que até hoje se desconhecem os resposáveis das torturas e mortes do 25 de novembro de 2022.
Aquele observador político sugere que esses relatórios têm de refletir a realidade e não serem feitos apenas "à base da regularidade das eleições em São Tomé e Príncipe.
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