Representantes de governos e especialistas de fauna bravia reafirmaram esta semana em Yaounde, capital de Camarões, o compromisso de salvar os animais selvagens de África.
Além da declaração de intenção, a Conferência Extraordinária da Organização para a Conservação da Fauna selvagem em África passou em revista as principais preocupações da área, com realce para a caça furtiva de espécies protegidas.
O director da African Wildlife Foundation, Jef Dupain, recordou que a caça furtiva é hoje um negócio de milhões de dólares e com consequências devastadoras para os elefantes e outros animais de grande porte, em particular na bacia do Congo, uma das áreas mais ricas em biodiversidade no mundo.
Dupain disse que elefantes e gorilas estão a ser dizimados, e a criação de zonas de protecção poderá ter minimizado a situação, de certo modo, “mas não podemos dizer que estamos a ganhar a batalha”. Dupain sugeriu que os parceiros trabalhem com a população para evitar o pior.
Ngeh Paulinus, de uma rede que monitoria negócios da fauna, revelou que o abate excessivo de elefantes para retirar marfim tornou-se preocupação internacional quando os grupos Janjaweed, do Sudão, começaram a matar os paquidermes para para financiar as suas actividades.
Foi denunciado que, por causa da pobreza, a população africana é enganada por caçadores furtivos.
John Fa, professor de biodiversidade e desenvolvimento humano na Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido, sugeriu o empoderamento das comunidades da bacia do Congo.
Este académico sublinhou, no entanto, que a China tem culpa nesta situação. Ele disse que tendo em conta que a China é o principal mercado do marfim africano, este país asiático deverá ser exemplar e travar o abate de elefantes.
Na mesma senda, a delegação moçambicana partilhou o seu plano para a melhoria da governação florestal, que inclui acções em coordenação com entidades chinesas. A finalidade da proposta é apoiar os operadores chineses a respeitar as leis locais.
A Terra Firme, organização não-governamental moçambicana, apresentou um estudo sobre o cenário dos operadores florestais de Moçambique, apoiado por capitais chineses, que culminará com a producao de um banco de dados.
O ambientalista moçambicano Carlos Serra Jr, que integrou a delegação, disse à VOA que ouviu dos participantes chineses “posicionamentos interessantes sobre a vontade de contribuir para prevenir os desmandos que alguns cidadãos seus cometem”.
O ministro camaronês da fauna, Ngole Philip Ngwesse, disse, no final do encontro, que o continente africano precisa de materializar a estratégia de combate do comércio ilegal de recursos da fauna, definida no Congo Brazzavile, em Maio deste ano.