O atraso no desembolso de 46 milhões de meticais resultantes das licenças de corte de madeira está a fragilizar as relações entre as comunidades e os madeireiros e abre espaço a suspeitas de corrupção.
O valor que corresponde a 20 por cento do pagamento de licenças de corte foi depositado numa conta da Direcção Provincial da Agricultura, apurou o Centro de Integridade pública (CIP), que acrescenta que “ninguém sabe onde está”.
O Governo local suspendera a emissão de licenças, mas após concluir que os empresários madeireiros tinham as contas em dia levantou o embargo, em finais de Maio.
“A própria governadora (Helena Taípo) disse-me que o problema está com a Direcção Provincial da Agricultura, em particular os serviços de florestas e fauna bravia, tendo mandado investigar para se apurar o paradeiro do dinheiro”, disse à VOA o autor do artigo do CIP, Lazaro Mabunda.
O valor em causa é referente ao período 2010-2015. Entre 2006 e 2009, há indicações de que os valores eram devidamente canalizados às comunidades.
Com esta situação, a Associação dos Concessionários Florestais de Sofala ficou lesada com o início tardio das actividades.
“Quando as comunidades não recebem os 20 por cento, suspeitam que nós não pagamos, as relações deixam de ser harmoniosas e eles tornam-se vulneráveis à presença de madeireiros furtivos ou ilegais nas nossas áreas de exploração”.
A actividade furtiva, diz Taquidir, deveria ser impedida, “mas o Estado tem sempre a mesma desculpa, falta de recursos”.
Segundo Lázaro Mabunda, entre os furtivos figuram cidadãos chineses que “compram a madeira às comunidades a preços abaixo da média, porque elas preferem ter dinheiro de imediato do que esperar”.
Enquanto aguardam-se pelos resultados da investigação ordenada pela governadora de Sofala, a Associação dos Concessionários Florestais está aberta a discutir com as autoridades da agricultura a melhoria das relações com as comunidades e para que todos os fundos cheguem a todos os membros.