Começou nesta quinta-feira, 27, o julgamento do soldado Manuel António Ribeiro “Antany”, autor confesso do massacre de Monte Tchota, que provocou a morte de 11 pessoas, sendo 8 militares e três civis, entre eles dois espanhóis, a 24 de Abril de 2016 no comando de Monte Txota, em Cabo Verde.
O inquérito do Estado-Maior das Forças Armadas concluiu que o soldado agiu por motivos pessoais, não ficando provada qualquer ligação ao narcotráfico, como na altura se especulou.
A acusação pediu, por isso, a pena máxima de prisão que, se for aplicado o direito penal comum, será de 35 anos.
Apesar de aberto ao público, muitas pessoas não conseguiram entrar no local do julgamento, que tem capacidade para 40 pessoas.
Esta situação deixou muitas pessoas insatisfeitas, incluindo o ex-padrasto de Antany, que supostamente também estaria incluído na lista de outros possíveis alvos do referido soldado.
Alberto Santos Pires disse que o julgamento devia ser realizado num estádio de futebol, para que mais interessados pudessem assistir.
“Toda a população está ansiosa, à espera de julgamento exemplar…para mim os últimos seis meses foram difíceis, sobretudo os dois primeiros, porque muitas vezes ficava com a sensação de alguém estar a me perseguir”, conta Pires.
Neuza, mãe de um dos soldados mortos no massacre, também lamentou o facto de não ter conseguido entrar na sala onde decorre o julgamento.
“Espero um julgamento justo, uma boa justiça, porque é doloroso uma mãe perder o seu filho da forma como aconteceu. O meu filho não estava doente, ele falou comigo na segunda-feira e no dia seguinte foi barbaramente assassinado, é muito triste e por isso queria estar na sala para assistir ao julgamento, mas não consegui entrar", lamentou.
Manuel António Ribeiro, conhecido por “Antany”, matou oito colegas e três civis, sendo um cabo-verdiano e dois espanhóis, no local considerado de alta segurança em virtude de ser o principal centro de comunicações do país.