A apenas dois meses do fim da administração do Presidente Joe Biden, os Estados Unidos estão a aumentar o apoio financeiro, militar e diplomático ao esforço da Ucrânia para se defender da agressão russa.
Na Cimeira do G20, as 19 economistas mais fortes do mundo, a União Europeia e a União Africana, que começou segunda-feira, 18, no Rio de Janeiro, Brasil, e termina terça-feira, o Governo americano pressionou para uma linguagem o "mais forte possível" sobre a Ucrânia, disse o vice-conselheiro de segurança nacional, Jon Finer, à Voz da América durante uma conferência de imprensa hoje.
Os diplomatas ocidentais renovaram a sua pressão para críticas mais fortes a Moscovo, após o ataque aéreo russo no fim-de-semana, o maior em território ucraniano em meses.
Alertaram ainda que o aumento dos esforços de guerra russos poderia ter um efeito desestabilizador para além da Europa.
No início deste mês, os EUA e a Ucrânia anunciaram que a Coreia do Norte enviou mais de 10 mil soldados para ajudar Moscovo a recuperar o território tomado pela Ucrânia na região russa de Kursk.
Jon Finer reconhece que é difícil encontrar um consenso sobre os conflitos globais, dada a diversidade do G20.
Para além da maioria dos países do G7 com ideias semelhantes, o G20 inclui também a Rússia, a China e os governos do chamado Sul Global. “Veremos onde isto vai parar”, acrescentou Finer.
Desde a cimeira do G20 em Bali, em 2022 – realizada meses após a invasão da Ucrânia por Moscovo – o grupo tem enfrentado desafios para encontrar uma resposta ao conflito.
Mísseis de longo alcance autorizados
Nos últimos tempos, os Estados Unidos têm vindo a aumentar a sua assistência militar a Kyiv e agora autorizou a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance fornecidos por Washington para atacar dentro da Rússia, de acordo com relatos dos meios de comunicação social que citam autoridades que falaram sob condição de anonimato.
O vice-conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos recusou confirmar a informação, mas disse que é “consistente” com a abordagem dos EUA de adaptar a sua resposta aos desenvolvimentos no terreno para “permitir que os ucranianos continuem a defender o seu território e a sua soberania”.
Também hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que, a ser verdade, a autorização para Kyiv atacar dentro da Rússia com mísseis de longo alcance dos EUA “marcará uma ronda qualitativamente nova de tensões e um nível de envolvimento de Washington no conflito da Ucrânia”.
Mudanças na Casa Branca e consequências
Na semana passada, em Bruxelas, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, procurou tranquilizar os aliados europeus, dizendo que Biden está “empenhado em garantir que cada dólar que temos à nossa disposição seja empurrado para fora da porta entre agora e 20 de Janeiro ”, data da tomada de posse do presidente eleito, Donald Trump.
Trump tem criticado o uso do dinheiro dos contribuintes norte-americanos para ajudar Kiev e, sem fornecer detalhes, Trump tem dito repetidamente que pode acabar rapidamente com a guerra, uma declaração que muitos na Europa temem que possa significar forçar a Ucrânia a capitular.
No início deste mês, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse que quer um “fim justo” para a guerra e que um fim rápido “significa perdas”. No sábado, 16, disse à rádio pública ucraniana que, sob a administração Trump, “a guerra terminará mais rapidamente”.
“Esta é a abordagem deles, a promessa para o seu país”, afirmou, acrescentando que "para eles também é muito importante.”
No Departamento de Estado, o porta-voz Matthew Miller disse à Voz da América terça-feira que Washington procura o fim da guerra na Ucrânia que defende a integridade territorial e a soberania do país, garantindo ao mesmo tempo que não “recompensa um ditador” que pretende tomar terras pela força.
O sentimento é partilhado por muitos líderes europeus, mas estes poderão, em última análise, ser forçados a aceitar uma nova realidade política.
“Nenhum Governo na Europa irá endossar oficialmente um acordo de terra pela paz neste momento. É diplomática e legalmente impossível fazê-lo”, disse Edward Hunter Christie, antigo funcionário da NATO e agora investigador sénior no Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais.
Nos bastidores, no entanto, alguns líderes europeus acreditam que as hipóteses da Ucrânia não são suficientemente fortes, disse Christie à VOA, especialmente se a Administração Trump não continuar a sua assistência à Ucrânia.
Os EUA estão a apressar-se a desembolsar 20 mil milhões de dólares no âmbito de uma iniciativa do G7 liderada por Biden, acordada em Junho para fornecer a Kyiv 50 mil milhões de dólares em empréstimos.
Os fundos serão reembolsados com recurso a rendimentos de juros provenientes de ativos russos congelados em instituições financeiras ocidentais.
Um alto funcionário do Governo disse à Voz da América que a Administração Biden está “a trabalhar a todo o vapor” para que o empréstimo seja desembolsado antes do final do ano.
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