Os partidos da oposição em Moçambique pedem à Procuradoria-Geral da República (PGR) que desista de recorrer da decisão de extraditar o antigo ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, para os Estados Unidos, depois de a justiça sul-africana ter indeferido o recurso do Governo de Maputo.
Neste momento, resta concluir uma petição especial que Moçambique apresentou ao Supremo Tribunal de Justiça da África do Sul para admitir um recurso, que já foi rejeitado no Tribunal Superior da província sul-africana de Gauteng.
O porta-voz do Partido Nova Democracia, Dércio Rodrigues, diz não perceber porque é que a PGR insiste num caso que já se considera perdido, "gastando dinheiro em vão".
"A justiça pode ser feita tanto em Moçambique como nos Estados Unidos", sublinha.
Para o presidente do Partido Independente de Moçambique (PIMO), Yaqub Sibindy, "se a Procuradoria-Geral da República soubesse o que está a fazer, já teria deixado, há muito tempo, de seguir o caso da detenção de Manuel Chang na África do Sul.
Por seu turno, o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) diz que a PGR deve deixar que Manuel Chang, detido na África do Sul desde 2018, siga para os Estados Unidos.
Lutero Simango considera que, para além de o país gastar muito dinheiro com os vários processos judiciais relativos à detenção do antigo governante, está também a colocar em causa os direitos fundamentais de Manuel Chang.
Para o deputado da Assembleia da República, António Muchanga, pela bancada da Renamo, "Manuel Chang que se prepare para ir dizer o que sabe na América".
"Esse é o apelo que faço: que Manuel Chang não seja usado como um bode expiatório", realça.
Refira-se que Manuel Chang é apontado como sendo um dos alegados principais responsáveis pela contratação das dívidas ocultas, avaliadas em cerca de 2.2 mil milhões de dólares.
Ele está detido na África do Sul desde Dezembro de 2018 a pedido das autoridades norte-americanas que o acusam de crimes financeiros e subornos, na transação que terá lesado empresas dos Estados Unidos.