As autoridades governamentais do Niassa, norte de Moçambique, dizem que a maioria das cerca de cinco mil pessoas que se haviam refugiado na vila de Mecula, por causa de ataques jihadistas, regressou às suas zonas de origem, dada a melhoria das condições de segurança, reforçando-se a tese de que os insurgentes não pretendiam criar células terroristas naquela província.
O delegado do Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres no Niassa, Friday Taibo, disse que até à passada quinta-feira, 10, apenas 335 famílias permaneciam na sede distrital de Mecula, aguardando a reconstrução das suas habitações destruidas durante o ataque jihadista às suas aldeias.
Taibo acrescentou que o processo de retorno às origens, que deve ter terminado na semana passada, contou com a colaboração de um operador turístico na reserva do Niassa, uma das mais importantes de Moçambique.
Entretanto, Egna Sidumo, especialista em assuntos de segurança, reitera que o ataque ao distrito de Mecula, que resultou na fuga de milhares de pessoas para a sede distrital, não visava a criação de células terroristas na província do Niassa.
Há bastante tempo que não são reportados ataques jihadistas à Província do Niassa, tida agora pelas autoridades governamentais como segura.
Sidumo argumenta que o ataque ao Niassa "era para dispersar a atenção das forças aliadas contra o terrorismo, e estando Cabo Delgado extremamente cercada por uma força muito bem organizada, claramente que os terroristas tinham que fugir para algum lado, e neste caso concreto foi Niassa".
Insegurança
Borges Nhamire, outro estudioso de assuntos de segurança, diz também que os jihadistas foram ao Niassa à busca da sobrevivência, face à ofensiva das forças da SADC, do Ruanda e moçambicanas em Cabo Delgado.
Refira-se que o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na sua recente visita ao Niassa, havia aconselhado os deslocados de guerra em Mecula a regressarem às suas aldeias, afirmando que "é a partir das nossas aldeias que devemos combater os terroristas".
Por outro lado, o padre Eduardo Paixão, responsável pela Igreja Católica em Meluco, Cabo Delgado, citado pela RDP, disse haver um movimento de retorno àquele distrito, "mas a sensação de insegurança ainda é muito grande".