Numa primeira parte de um interrogatório feito em sete horas, Teófilo Nhangumele confirmou ter sido o principal lobista dos acordos entre a Privinvest e o governo moçambicano, que resultou num calote de mais de dois biliões de dólares americanos.
Em declarações com um misto de contradições com alguma documentação apreendida nos seus meios electrónicos, Nhangumele destapou esquemas de promiscuidade num negócio entre o Estado e o privado, envolvendo elites políticas, filhos, facilitadores e valores de pagamento ao que chamou de “massagem”, para agentes governamentais.
Do pacote de crédito com aval do Estado para financiar a empresa Proíndicus, 50 milhões de dólares foram para as contas de lobistas. Nhangumele confirmou ter recebido oito milhões e meio de dólares, metade dos quais gastou na compra de imóveis, viaturas para a família e investimentos.
Segundo o lobista, para a conta de Ndambi Guebuza, tratado no esquema por “Cinderela”, filho do antigo presidente moçambicano, Armando Guebuza, foram parar 33 milhões de dólares.
Nhangumele evitou, a todo o custo, revelar o papel do filho do antigo estadista no esquema e a razão pela qual recebeu a maior fatia.
Com muitos aspectos por revelar, o maior lobista continua em julgamento, forçado a desvendar o enredo de um crime financeiro, que resultou num endividamento que trouxe severos impactos sociais para Moçambique.