Após a morte de Fidel Castro, muitas vozes se leventaram reagindo com dor, pesar e até alegria ou satisfação.
Ever Palacio, cineasta cubano, que vive entre Angola e França, é uma das vozes que olha para o desaparecimento físico do "líder histórico", como uma "tragédia".
Palacio admite ter havido uma revolução "unipessoal", descrevendo a presença de Fidel Castro como "não perceptiva", que mesmo não estando estava. O cineasta lembra que ainda que Castro tenha sido considerado por alguns "um rei sem coroa", ele foi responsável por uma Cuba com "identidade", que ensinou o sentido de patriotismo.
Do ponto de vista cultural, Ever Palacio lembra também que se não fosse por Fidel Castro, muitos como ele não teriam a oportunidade de formação e acesso à cultura que tiveram: "em países como França a arte tem que ser cara para ter qualidade, em Cuba é ao contrário".
"Eu devo-me a ele", conclui o jovem cineasta, ressalvando que o regime de Cuba (tal como o conhecemos) perderia com a estratégia de Barack Obama, enquanto que com a ideia do Presidente-eleito, Donald Trump, de não manter relações diplomáticas com Cuba poderá "trazer de volta um ambiente como da guerra fria".
Fidel Castro morreu aos 90 anos, em Cuba, a 25 de Novembro de 2016. Afastou-se do poder em 2006, quando entregou o poder ao irmão Raul Castro, por questões de saúde. O comandante governou Cuba por 47 anos.
O seu legado não é consensual. Para uns foi o homem que deu liberdade e autonomia a Cuba, que enfrentou o capitalismo americano, garantiu saúde e educação a todos os cubanos, para outros era o ditador que executou, torturou e privou o povo cubano da democracia.