Fidel Castro moldou a vida política, social e cultural de Cuba à sua maneira desde 1959 e apesar de ter deixado o poder em 2006, continuava a ser uma presença forte na vida do país, mesmo tendo o irmão como novo Presidente do país.
Com a morte de Castro, levantam-se questões sobre o futuro de Cuba, nomeadamente se manterá o sistema actual, se fará uma abertura à chinesa ou se haverá uma mudança de regime.
O jornalista Florestan Fernandes Júnior, que entrevistou Fidel Castro em 1992 no Brasil, com o líder cubano a defender o massacre de Tiannamen e que visitou a ilha várias vezes, considera que o turismo pode ser o elemento de uma maior abertura do país ao exterior.
“Os cubanos tinham sempre o temor pela morte de Fidel porque se a situação já era ruim, sem ele podia ser pior, mas o capitalismo regressou através do turismo, que é a actividade mais capitalista do planeta", considera Florestan Fernandes Júnior, para quem o os Estados Unidos podem desempenhar um papel importante nos próximos tempos em Cuba.
"Sempre disse que a melhor forma de os americanos levarem Cuba para o capitalismo seria a de reactar as relações e, já é visível, que a presença de turistas americanos na ilha começa a produzir modificações", na ilha, de acordo com aquele jornalista.
Cuba não deverá fazer uma abertura à chinesa, diz Fernandes Júnior, lembrando que a ilha "não tem uma indústria como o gigante asiático e que a sua alternativa passa pelo turismo, daí uma eventual abertura ao capitalismo".
Questionado sobre o peso futuro de Cuba na América Latoina, Fernandes Júnior é de opinião que será cada vez menor "devido ao avanço da direita na Europa e também no sul do continente".
Profissional com longa experiência nas principais cadeias de televisão do Brasil, Florestan Fernandes Júnior é actualmente jornalista freelancer com participações em publicações, blogs e sites.