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Bento Kangamba acusado do desaparecimento de Kamulingue e Cassulo


Família de Alves Kamulingue, incluindo a sua mãe, a esposa, Elisa, o filho de 2 anos, um primo e Tetê, esposa de Isaías Sebastião Cassule, raptado entretanto no Cazenga (VOA / A. Neto)
Família de Alves Kamulingue, incluindo a sua mãe, a esposa, Elisa, o filho de 2 anos, um primo e Tetê, esposa de Isaías Sebastião Cassule, raptado entretanto no Cazenga (VOA / A. Neto)

O empresário e membro da família de José Eduardo dos Santos é considerado líder dos "kaenches" que atacam e intimidam adversários do governo

O empresário e familiar do presidente angolano, Bento Kangamba, foi o mandante do rapto de Alves Kamulingue e Isaías Cassule, desaparecidos no final de Maio - acusou o advogado das famílias, David Mendes.

Segundo David Mendes “até prova em contrário, é Bento Kangamba quem mandou raptar estes jovens”. Mendes associa Kangamba aos jovens kaenches do Kabuscorp, responsabilizados por agressões e intimidação a adversários do governo e, segundo o advogado, pelos desaparecimentos em causa.

A Voz da América tentou o contacto com o empresário, mas o mesmo escusou-se a dar qualquer explicação.

Noémia da Silva mãe de Alves Kamulingue acredita que é da responsabilidade do Presidente José Eduardo dos Santos o desaparecimento do seu filho. “Deus só já é quem sabe, nós já não sabemos mais” lamentou a mãe. “O Presidente da República é o culpado porque não se faz nada sem a orientação do presidente” insistiu.

Os dois jovens desapareceram, após uma tentativa de organização de uma manifestação no 27 de Maio passado, em Luanda. Enquanto fugia a perseguidores que não chegou a identificar, Kamulingue revelou que estava a ser ameaçado.

Noémia da Silva lamenta a forma como o seu filho desapareceu e diz pesar na sua vida o futuro dos netos. “Não sei o que vou fazer com os filhos, pagar as rendas não sei o que fazer mais” frisou.

David Mendes disse ainda que aguarda pelo pronunciamento das autoridades angolanas nos próximos dez dias e caso não o façam a organização Mãos Livres vai solicitar da Comissão Africana dos Direitos dos Povos um pronunciamento para pressionar o executivo de Eduardo dos Santos.

“Vamos aguardar um tempo, porque nós estamos à espera que o Ministério do Interior se pronuncie e se não se pronunciar nós vamos levar o assunto à Comissão Africana e Direitos dos Povos para pressionar o pronunciamento do Governo” disse

O segundo Comandante-Geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo de Almeida, já havia sido contactado por nós sobre o assunto mas dizia não dominar o tema. Tentamos esta segunda-feira contactar o Gabinete de Comunicação e Imagem do Comando Geral da Polícia Nacional não nos foi dada nenhuma explicação.
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