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Moçambique: É preciso responsabilizar a polícia que matou civis nas eleições


Contigente policial em Maputo durante manifestação contra resultados das eleições autárquicas, Moçambique. 27 outubro 2023
Contigente policial em Maputo durante manifestação contra resultados das eleições autárquicas, Moçambique. 27 outubro 2023

O comandante–Geral da Policia de Moçambique pediu desculpas pela atuação dois seus agentes no processo pós-eleitoral de outubro passado, mas analistas dizem que não basta reconhecer que isso aconteceu, é preciso responsabilizar os autores.

Organizações da sociedade civil dizem que membros da polícia mataram, pelo menos 15 mortes, no referido processo.

O comandante Bernardino Rafael, pediu publicamente desculpas, em Chiure, na província de Cabo Delgado, onde a 11 de outubro, um jovem foi baleado mortalmente.

‘’Há sempre situações imprevisíveis e nós tivemos incidentes em Chiure, em que um jovem perdeu a vida. A polícia lamenta esta ocorrência e, com muito respeito e amor à vida, nós não temos vergonha em dizer que pedimos desculpa por este incidente e vários outros registados’’, afirmou Rafael durante um comício.

Entretanto, Luís Nhachote, jornalista e analista político, diz que ‘’resta saber o que é que Procuradoria-Geral da República vai fazer, porque a partir do momento em que o Comandante- Geral da polícia faz essa confissão pública, deve haver responsabilização, morreram 16 pessoas e mais de uma centena ficaram feridas’’.

O também analista político Jorge Matine diz que a atuação da polícia, em Chiure, foi desproporcional e defende a responsabilização dos agentes envolvidos nessas mortes.

Por seu turno, o pesquisador social João Feijó afirma que, no caso do jovem de Chiure, a polícia tinha a oportunidade de ouvi-lo, ‘’mas não, e a polícia teve uma atitude muito crítica’’.

Já o comunicador Tomás Vieira Mário, entende que a postura da polícia em processos eleitorais em Moçambique, é um assunto da maior sensibilidade, pois não têm faltado reclamações de que esta tem tido condutas intimidatórias desde a fase da campanha eleitoral até ao momento da votação’’.

Queixas sobre alegado uso desproporcional da força por agentes da polícia moçambicana nos últimos meses têm sido frequentes, com registo de casos em marchas pacíficas, principalmente de partidos políticos, que acabaram por ser reprimidas com violência e alguns casos de civis mortos durante operações policiais.

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