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2023 em Moçambique: Das irregularidades nas autárquicas, dívidas ocultas e morte de Azagaia


Manifestação de apoiantes da Renamo em Angoche, Nampula, Moçambique, 16 novembro 2023
Manifestação de apoiantes da Renamo em Angoche, Nampula, Moçambique, 16 novembro 2023

As eleições autárquicas realizadas em 65 municípios foram, sem dúvida, um dos principais acontecimentos em Moçambique em 2023, não só porque os pleitos eleitorais são eventos relevantes na vida de um país, mas, sobretudo pelos problemas registados durante o processo, fortemente contestado pela oposição.

2023 em Moçambique: Das irregularidades nas autárquicas, dívidas ocultas e morte de Azagaia
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Os avanços militares em Cabo Delgado, as sentenças no caso das "dívidas ocultas" e a qualificação da seleção nacional de futebol para o Campeoanto Africano de Nações na Costa do Marfim marcaram este ano.

Para o analista político Fernando Lima, são na verdade as irregularidades que tornam as eleições autárquicas num acontecimento muito relevante em 2023, "uma vez que as eleições são supostas de decorrer na normalidade e estas não decorreram na normalidade, dado que houve varias situações de ilegalidades e de vários ilícitos cometidos um pouco por todo o país".

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Outro acontecimento relevante tem a ver com os avanços significativos registados na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, os quais para o investigador Borges Namire "se traduziram não apenas na morte dos lideres espiritual e militar da insurgência, mas, sobretudo na normalização da vida em Mocimboa da Praia e Palma’’.

E 2023 foi também marcado pelo desfecho do caso das "dívidas ocultas", o escândalo financeiro que lesou o Estado moçambicano em mais de 2,2 mil milhões de dólares, um desfecho que, no entanto, defraudou a expetativa de muitos moçambicanos, não só pelas penas consideradas brandas a que foram condenados os réus, mas sobretudo porque o processo, na opinião do analista político Ivan Mausse, foi fortemente influenciado pelo poder político.

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Relacionado ainda com o mesmo caso, Moçambique perdeu em 2023 a batalha pela extradição para Maputo, do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, tido como a peça chave neste escândalo e que acabou sendo extraditado para os Estados Unidos, onde vai ter a oportunidade de explicar os contornos da sua alegada participação no calote, de acordo com o analista político Dércio Alfazema.

Acontecimento importante foi a conclusão do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos guerrilheiros da Renamo (DDR), contudo o processo regista constrangimentos relacionados com o pagamento das pensões, segundo o analista político Gil Aníbal.

Na economia, ainda em 2023, Moçambique iniciou a exportação do gás natural a partir da plataforma flutuante da bacia do Rovuma, esperando-se que o país encaixe ainda este ano, cerca de 100 milhões de dólares em receitas dessa exportação.

Foi também noticia em 2023, que o Governo atingiu o limite da capacidade de endividamento interno, que já no mês de Julho se situava em 99,8 por cento, colocando o país numa situação de crise financeira, apesar de o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, garantir o pagamento de salários dos funcionários da Função Pública nos próximos tempos.

A morte do rapper Azagaia, em março, e protestos que se seguiram quando a polícia reprimiu e impediu homenagens ao músico deixaram também uma marca neste ano em que, a nível do desporto, foi ponto alto a qualificação de Moçambique para o CAN-24 que se vai realizar na Costa do Marfim.

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