Mugabe apoiou a Frelimo
O Zimbabué necessita de um exército profissional que sirva o povo e não os políticos, afirma o embaixador americano no Zimbabué, Charles Ray. As declarações deste diplomata foram feitas durante um evento que teve lugar na embaixada americana e surge numa altura em que muitos zimbabueanos estão a fazer apelos para que se faça uma reforma no sistema de segurança do país, antes da realização das próximas eleições.
O Movimento para a Democracia do Zimbabué, o MDC, acusa o exército nacional, constituído por 30 mil homens, de ter um comportamento que não é profissional.
Especificamente, aquele partido afirma que o exército e os restantes serviços de segurança são leais à ZANU-PF, do presidente Robert Mugabe, e não o são em relação ao povo do Zimbabué.
A maioria da liderança do exército esteve envolvida na guerra contra o regime de minoria branca, durante a guerra civil dos anos 70.
O presidente Mugabe afirma que ninguém, a não ser aqueles que se bateram pela libertação do país, têm o direito de liderar o Zimbabué e vários destacados elementos do sector da segurança, tanto no exército, como na polícia e nas prisões já afirmaram que não irão receber ordens dos políticos que não participaram na guerra.
O líder do MDC, Morgan Tsavangirai, que desempenha o cargo de primeiro-ministro no âmbito do governo de coligação MDC-ZANU-PF, não participou na luta de libertação, muito embora argumente que sempre apoiou o fim do regime de minoria branca.
O embaixador americano em Harare serviu no exército americano na guerra do Vietname. Ray foi questionado sobre o profissionalismo dos militares. Disse ele: “Um militar profissional serve o seu país inteiro. Os militares são pessoas que têm direito às suas opiniões políticas. Essas opiniões políticas, contudo, nunca deverão influir no cumprimento dos seus deveres enquanto militar em defesa do país.”
O exército britânico treinou o novo exército do Zimbabué, durante 20 anos, desde a data da independência, em 1980. O exército era constituído por ex-guerrilheiros e alguns elementos das velhas forças rodesianas.
O exército nacional do Zimbabué apoiou Moçambique, nos anos 80, quando a Frelimo estava a ser confrontada pela África do Sul, que apoiava a Renamo. O Zimbabué apoiou também a República Democrática do Congo na guerra civil, garantindo a sobrevivência política do presidente Kabila.
Mas, mais recentemente, nos actos de violência desencadeados durante a segunda volta das eleições presidenciais de 2008,no Zimbabwe, muitos apoiantes do MDC acusaram elementos do exército de os ter espancado e de ter morto familiares de elementos da oposição.
O embaixador Charles Ray advertiu que um exército sem profissionalismo é perigoso. E sublinhou, a propósito: “O papel dos militares é defenderem a integridade territorial do país. Quando os militares começam associar-se a um segmento do país, então, deixam de ser profissionais e passam a ser um bando armado”.
O MDC afirma que, sem reformas no sector da segurança, não será possível realizar eleições livres e justas no Zimbabwe.