O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, disse que as “provocações e violações à trégua” podem “diluir” o peso do actual cessar-fogo de 60 dias entre o Governo e o principal partido da oposição em Moçambique e apelou para um comprometimento do Executivo.
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Em entrevista à VOA nesta terça-feira, 17, Dhlakama, afirmou que passados 15 dias da vigência da trégua em Moçambique, há violações que incluem raptos e assassinatos dos membros e simpatizantes do seu partido, uma situação que provoca mal-estar na ala militar da Renamo.
“Eu quero informar aos membros do Governo, sobretudo a Policia de Intervenção Rápida, mesmo as Fademos (Forças Armadas) e a Polícia da Republica, que esta trégua não foi feita apenas para facilitar que os membros da Frelimo andem livremente ou as Fademos saiam de Maputo para Gorongosa e Nampula de carro, isso é para toda a gente andar”, avisou Afonso Dhlakama, acrescentando que “isso esta a diluir o peso da trégua, que decidimos dar em conjunto”.
O presidente da Renamo denunciou que na semana passada três desmobilizados de guerra da Renamo, que saíam das suas casas para passear, foram raptados e estão desaparecidos na Zambézia, enquanto outro foi raptado quando tentava comprar alimentos numa loja.
Já na Gorongosa (Sofala), na semana passada, alguns membros e simpatizantes do partido foram presos e investigados pela Polícia quando compravam produtos alimentares.
Críticas de membros da Renamo
Enquanto isso, em Tambara (Manica) um professor foi executado supostamente pelas Forças de Defesa e Segurança, alegadamente por pertencer à Renamo, uma situação que tem intrigado os membros sobre os benefícios da trégua.
“Porque há trégua? Para que os homens da Renamo possam andar como civis também, daqui para Beira, daqui para Maputo, mas se forem apanhados no machimbombo não podem ser sequestrados, porque isso significa que o Dhlakama deu liberdade à Frelimo para fazer e desfazer as populações”, explicou o líder da Renamo, adiantando que “membros, simpatizantes, comandos militares da Renamo não se sentem bem, estão a criticar-me e a perguntar o que é isso?”.
Ainda de acordo com Dhlakama, os membros do seu partido são revistados e não podem chegar a uma vila e comprar.
“Afinal esta trégua foi para dar liberdade à Frelimo e a Renamo ser sequestrada, perguntam mas eu disse não”, afiançou Afonso Dhlakama, insistindo num maior compromisso do Governo.
Mediadores internacionais regressam
“Sei que não é fácil, mas (o Governo) deve começar a aprender e a corresponder também àquilo que a Renamo e o Dhlakama estão a fazer, porque para mim o mais importante é a paz, e com essa paz de 60 dias, até Março, se tudo correr bem, será mais fácil assinarmos o acordo definitivo e motivar as pessoas”, concluiu o presidente da Renamo.
O líder do principal partido da oposição anunciou a 3 de Janeiro o prolongamento de 60 dias da trégua, inicialmente de uma semana, para permitir as negociações de paz entre o Executivo e a Renamo, sob mediação internacional, cujos membros devem começar a chegar ao país esta semana, como garantiu à VOA Afonso Dhlakama.