Venâncio Mondlane acusa Forças de Defesa e Segurança de cometer o crime

O candidato presidencial da oposição Venâncio Mondlane, candidato presidencial do “Partido Obtimista para o Desenvolvimento de Moçambique” (PODEMOS), assiste a uma vigília que decorre na sequência dos assassinatos do seu conselheiro e advogado Elvino Dias, e de Paulo Guambe.

Mondlane acusa figuras históricas da FRELIMO de serem "cúmplices".

O candidato presidencial independente, Venâncio Mondlane, acusou as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique de serem responsáveis pelo assassinato de Elvino Dias, conselheiro jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e do mandatário nacional do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) Paulo Guambe.

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Venâncio Mondlane disse ter provas. "Este sangue tem de ser vingado", frisou Mondlane numa declaração pública feita no local onde ocorreu o crime, onde deixou flores. "Mais do que matar o homem, matam-se os valores", sublinhou.

O candidato presidencial acusou, ainda, Graça Machel, Armando Guebuza e Joaquim Chissano, figuras históricas do Partido Frelimo, de serem "cúmplices de um regime que se tornou assassino do vosso próprio povo". "O sangue destes jovens está nas vossas mãos. Vão terminar a carreira cheio de sangue nas vossas mãos", declarou.

O candidato, que contesta os resultados eleitorais provisórios que dão a vitória ao partido no poder, Frelimo, informou que a greve que convocou para a próxima segunda-feira, 21, "está marcada e reafirmada" e pediu ao povo para não ter medo. "Não há trabalho, não há circulação. Vamo-nos manifestar livremente. Não tenhamos mêdo."

Venâncio Mondlane declara que este é o "momento de resgatarmos os valores" e que é objectivo do candidato realizar uma "manifestação pacífica" "contra os crimes bárbaros".

Segundo informou Mondlane durante a declaração pública, a greve vai iniciar-se pelas dez horas da manhã, no local onde os dois moçambicanos foram baleados, numa marcha que seguirá pela cidade de Maputo, capital de Moçambique.

O carro onde seguiam Elvino Dias, conselheiro jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e o mandatário nacional do partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) Paulo Guambe foi baleado durante a madrugada de sábado. A polícia disse estar a investigar o caso.

A morte das duas pessoas mereceu já inumeras condenações dentro e fora de portas. De entre os partidos políticos nacionais, a RENAMO e o PODEMOS condenaram o acto. A União Europeia pediu uma investigação transparente. EUA, Canadá, Noruega, Suíça e o Reino Unido e Portugal juntaram-se às vozes de condenação.

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Adriano Nuvunga, diretor do Centro para Democracia e Direitos de Moçambique, pediu ao Presidente da República "que faça um comunicado à nação", numa declaraçao feita no local do crime. Até ao momento não há reação oficial das autoridades ou do governo à morte de Elvino Dias e Paulo Guambe.

Pessoas reunidas durante uma vigília por Paulo Guambe e pelo conselheiro e advogado Elvino Dias, ambos a trabalhar com o principal candidato da oposição moçambicana pelo PODEMOS, um dia depois de terem sido mortos a tiro, em Maputo

Vários cidadãos estão reunidos no local onde decorreu o assassinato para uma vigília. Os presentes gritam "o povo unido jamais será vencido".

Moçambique tem registado uma série de assassinatos em períodos eleitorais, incluindo o de um observador em 2019 e o de um jornalista no ano passado.