Posto em causa o apoio americano à Etiópia e ao Uganda

  • Nico Colombant

Forças quenianas estão também envolvidas na Somália

Os EUA deveriam reduzir drasticamente a ajuda não-humanitária tanto à Etiópia como ao Uganda

As forças de segurança etíopes estão, uma vez mais, a ajudar grandemente os esforços antiterroristas na Somália, desta feita para derrotar os extremistas da al-Shabab.

Em 2006, tropas etíopes apoiadas pelos EUA lançaram uma ofensiva que durou dois anos na Somália, para derrotar a União dos Tribunais Islâmicos e outras milícias afiliadas.
Agora, tropas etíopes, apoiadas pelos EUA, movimentam-se com o objectivo de atacar forças da al-Shabab. E, enquanto isso acontece, Ted Vestal, um perito em questões etíopes na Universidade do Estado do Oklahoma, manifesta-se preocupado com o que se está a passar internamente na Etiópia e da consequente falta de reacção dos EUA.


Combatentes da al-Shabab

Diz Vestal:“Estou a pensar nas deficiências da democracia e nas violações dos Direitos Humanos, que o Departamento todos os anos menciona no seu relatório oficial. Mas, o ângulo da segurança parece ser mais significativo para a política externa americana, especialmente a guerra contra o terror e a ligação à Somália, país vizinho da Etiópia.Nós, aparentemente, estamos a usar Arba Minch, no Sul da Etiópia, para pôr no ar aviões telecomendados que sobrevoam a Somália.”

Entretanto, as forças de paz ugandesas têm desempenhado um papel destacado em garantir a segurança da capital da Somália, Mogadixo, para permitir o funcionamento do governo de transição apoiado pelos EUA.

As forças ugandesas estão também a ser apoiadas para eliminarem o Movimento da Resistência do Senhor. Um esforço anterior, feito de 2008, falhou, mas Washington está a fornecer um maior apoio.
Joel Barkan é um perito em questões ugandesas do Centro de Estudos Estratégicos de Washington.Diz ele:“Este é o clássico regime do homem forte. Baseia-se no apoio dado aos oficiais de alta patente para fazerem pilhagens. O regime ugandês é um regime que está, basicamente, a entrar lentamente em colapso a partir do seu interior.”

Ambos os analistas defendem que os EUA deveriam reduzir drasticamente a ajuda não-humanitária tanto para a Etiópia como para o Uganda, ajuda que se situa na ordem das centenas de milhões de dólares, por anos, a menos que haja significativas melhorias democráticas.

Observadores internacionais descreveram como profundamente marcada por eleições irregulares que mantiveram no poder os seus líderes Meles Zenawi, na Etiópia, e Yoweri Museveni.Em ambos os países, activistas dos Direitos Humanos queixam-se das condições degradantes com que se confrontam os líderes da oposição, a marginalização de grupos étnicos e regionais e a perseguição dos órgãos de comunicação social que discordam da política do governo.