A UNITA, principal partido da oposição em Angola, considera que o país vive uma grave crise política e que os cidadãos não confiam nem do Presidente nem nas instituições.
Este posicionamento é uma resposta ao discurso do Presidente da República sobre o estado da nação proferido nesta segunda-feira, 16, em Luanda, em que ele afirmou que a situação política e militar do país é estável por não existir quaisquer ameaças relevantes susceptíveis de por em causa a paz, integridade territorial, soberania e a estabilidade, a ordem pública e o normal funcionamento das instituições.
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João Lourenço justificou a não realização das autarquias no país com a procura de maior consenso entre os parlamentares angolanos, mas advertiu que “o Executivo há muito que cumpriu com a sua parte, a da elaboração e apresentação à Assembleia Nacional das propostas de leis que conformam o chamado pacote legislativo autárquico”.
“Sabemos que se está à procura do maior consenso possível à volta desta matéria de interesse nacional, situação que como sabemos se arrasta há anos, embora para a aprovação dessas leis não seja exigida a maioria qualificada de 2/3 dos votos dos deputados, bastando para tal que acolham o voto favorável de uma maioria absoluta dos votos dos deputados”, destacou o Presidente que anunciou ajustes aos preços de compatíveis, reabilitação de estradas a nível nacional, combate à fome e a pobreza.
Falta de confiança
O discurso de cerca de três horas foi desvalorizado pelo presidente do grupo parlamentar da UNITA.
“Primeiro é uma enorme decepção, é preciso deixar claro que nós, enquanto deputados, enquanto cidadãos angolano,s esperávamos que o senhor Presidente tivesse feito um diagnóstico real”, reagiu Liberty Chiyaka, para quem "os angolanos perderam confiança nas instituições publicas, ninguém confia no Presidente da República, ninguém confia na Assembleia Nacional, ninguém confia nos tribunais, há uma grave crise de confiança nas instituições da república”, acrescentou o líder do grupo parlamentar da UNITA que protestou inúmeras vezes, enquanto João Lourenço discursava.
“Dissemos de boca cheia ´abaixo a ditadura´, ´viva a democracia´, ´destituição já´, ´autarquias já´, ´abaixo o medo, ´´abaixo a corrupção”, foram as palavras usadas pelos deputados da UNITA.
O deputado do PRS, Rui Malopa, em nome do grupo parlamentar misto formado por aquele partido e a FNLA, afirma que João Lourenço foi pouco incisivo no impacto que as suas políticas tem na vida dos angolanos.
“Nós gostaríamos que o Presidente fosse mais incisivo na sua mensagem para com os benefícios que a população tem das suas politicas”, sublinha.
No seu discurso, João Lourenço regozijou-se com a recuperação de ativos desviados do erário público pelo seu combate à corrupção e admitiu uma redução da carga fiscal, nomeadamente redução do IVA em alguns produtos.