Uma acolarada reunião de dois dias no Cafunfo sobre os confrontos do passado dia 30 de Janeiro nesta vila diamantífera que resultaram num número indeterminado mortes poderá resultar num relatório independente sobre os incidentes, disseram os promotores do encontro.
A reunião de dois dias sobre Cidadania e Segurança Pública, organizadas pela Ufolo – Centro de Estudos para a Boa Governação, em parceria com o Comando Geral da Província Nacional, foi marcada por apelos à reconciliação mas também por acusações e contra acusasações sobre a actuação das forças da ordem e dos manifestantes e também sobre a pobreza extrema na província rica em diamantes.
Devido às tensões e troca de palavras entre as cerca de 500 pessoas presentes, no primeiro dia dos debates o encontro esteve quase a ser suspenso forçando o Padre Celestino Epalanga , Coordenador da Comissão Episcopal de Justiça e Paz da CEAST a ter que apelar à calma
De acordo comos promotores do encontro está previsto “um relatório independente e elucidativo sobre os trágicos acontecimentos que ocorreram em Cafunfo no final de Janeiro”, visando “esclarecer a verdade dos factos e enunciar várias recomendações que contribuam para evitar a repetição destes funestos eventos e a perda de vidas humanas”.
O evento juntou membros do governo local, juristas, académicos, economistas,activistas cívicos e representantes de igrejas angolanas e ainda as autoridades tradicionais da região e foram ouvidos depoimentos de líderes religiosos locais, de participantes e testemunhas da ocorrência e familiares das vítimas.
A confirmar-se, a publicação de um relatório independente que certamente não agradará a todos constitui contudo um recuo do governo que anteriormente tinha afirmado opor-se a qualquer investigação independente. Membros da UNITA e de uma delegação de activistas dos direitos humanos que tentaram deslocar-se ao local foram impedidos de o fazer pela polícia.
O responsável do Centro de Estudos UFOLO para a Boa Governação e promotor do encontro, Rafael Marques disse à imprensa que o evento visou "buscar sinergias para encontrarmos soluções comuns”.
O académico João Lukombo considera o debate no Cafunfo como mais uma iniciativa capaz de acalmar os ânimos e sensibilizar as autoridades para a necessidade da solução dos problemas sociais da região, rica em diamantes.
Lukombo disse à VOA que as causas da insatisfação popular na região, onde ocorreram tumultos entre a população e a polícia e de que resultou mortes e feridos,pode ser sentida noutras zonas do país, onde a riqueza produzida não se traduz na satisfação das necessidades básicas dos cidadãos.
Por seu turno, o governador da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, defendeu a necessidade do que chamou de “lançar pontes e limar diferenças”entre o governo e os cidadãos da região.
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