Tensão e medo no Huambo

Raúl Danda

Governo mantém o número de 13 civis mortos e Unita diz que o total é superior a mil.

Onze dias depois dos confrontos entre as autoridades e fiéis da seita A Luz do Mundo as autoridades angolanas continuam a vedar o local onde ocorreu o incidente.

Há um clima de medo entre as pessoas que receiam ser acusadas de pertencer à seita e a recusa das autoridades em permitir o acesso ao local dos confrontos contribui para que haja versóes díspares sobre o número de vítimas.

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UNITA diz que mais de mil pessoas morreram no Huambo - 1:50

Uma delegação parlamentar da Unita foi impedida de ir ao local e jornalistas, incluindo um correspondente da VOA, foram também proibidos de ali entrarem.

O líder da Casa-CE Abel Chivukuvuku diz que vai tentar ir ao local amanhã e à prisão onde alegadamente está detido o líder da seita José Julino Kalupeteka.

Por sua vez, a organização Mãos livres disse que os seus investigadores estão agora a ser impedidos de manter contactos com testemunhas oculares. As autoridades recusam-se também a receber representantes da organização que já pediu uma investigação independente.

A Unita garante que o número de mortos é superior a mil , o que é desmentido pelo Governo.

"Os testemunhos apontam para mais de mil civis mortos,” disse o líder da bancada parlamentar da Unita Raúl Danda que disse ser obviamente falso o número de 13 mortos entre os civis referido pelo Governo.

Mas o governador do Huambo, Kundy Pahiyama é peremptório em afirmar que esse é o número correcto.

"A informação que tenho e foi o que se comprovou no terreno é que foram encontrados 13 mortos, o numero é 13 é o que se sabe é o que se viu, é o que existe", garantiu.

Danda disse que fica claro que o Governo está a mentir por não permitir acesso ao local e ao líder da seita.

"Nós não sabemos se Kalupeteka está vivo ou morto, se está bem de saúde ou não, o procurador provincial garantiu que está vivo e detido aqui no Huambo, mas não nos deixou ver, por quê? Entao é porque alguma coisa existe", concluiu.

No Huambo há ainda um clima de tensão e as pessoas têm medo de serem relacionadas com a seita de Kalupeteka porque, segundo as nossas fontes, tem havido perseguição da polícia e das Forcas Armadas aos fiéis de A Luz do Mundo.