Com as mais recentes vitórias nas primárias republicanas, Mitt Romney parece ter ganho ímpeto de vencedor – e poderá ser o candidato do seu partido nas presidenciais de Novembro, contra o presidente Barack Obama.
Uma sondagem, publicada terça-feira, pelo jornal Washington Post tem más notícias para ele: Obama está à frente em questões chave que podem determinar o vencedor.
De acordo com a sondagem, se a eleição presidencial se realizasse hoje, Obama vencia com 51%, contra 44% para Romney.
O mesmo inquérito, nota que a visão económica do presidente é apoiada por 52% e a de Romney por 37%. Curiosamente, há mais pessoas a acreditar que Romney terá melhor capacidade de gestão da economia e ficou praticamente empatado na criação de empregos.
Uma maioria dos inquiridos pensa, contudo, que Obama compreende melhor os problemas do povo e saberá melhor defender a classe média e os pequenos e médios empresários, será melhor a defender os direitos das mulheres, a defender os interesses da América no Mundo, é mais inspirador e mais simpático.
Numa eleição em que a simpatia conta tanto como a política, estes indicadores são importantes e dão favoritismo a Obama. Mas o jornal Washington Post, ao analisar os resultados, nota que o facto de Romney e o presidente estarem praticamente empatados nas questões da economia e do emprego, revelam um eleitorado dividido e uma eleição ainda em aberto.
O jornal diz esperar que Romney tente aproveitar esse factor para enfraquecer qualquer vantagem de Obama, fazendo campanha no sentido de aproveitar as credenciais do republicano como empresário e gestor.
O aumento súbito e recente dos preços da gasolina também são prejudiciais para Obama e um facto que pode ser usado contra ele, segundo a análise do jornal.
Obama pode argumentar, e tem-no feito, que a economia desastrosa que herdou do republicano George W Bush está a melhorar e mais progresso será registado num segundo mandato.
Mas a favor do presidente conta o apoio bastante substancial entre o eleitorado feminino que constitui um bastião democrata. Os republicanos, que neste ciclo eleitoral estão a fazer campanha contra o controle de natalidade, perderam apoio significativo entre as mulheres.
Este factor e o factor simpatia podem ser tão cruciais como os desafios económicos.
Mas tudo isto presume que Romney será o vencedor das primárias republicanas o que ainda não está decidido. Ele já tem mais de 50% dos delegados necessários para essa vitória na convenção que, no verão, fará a escolha oficial.
O seu adversário Rick Santorum suspendeu a campanha terça-feira à tarde, mas Newt Gingrich não desiste e continua a ataca-lo em campanha. Romney, devido ao avanço que tem, decidiu ignorá-los e começar a atacar Obama, para ser visto, na mente dos eleitores republicanos, como o adversário óbvio do presidente.
Daqui até finais de Setembro, altura do início da campanha, o país com o ciclo eleitoral mais longo do Mundo, vai viver meses de pré-campanha. Grupos que representam interesses organizados estão a investir centenas de milhões de dólares em publicidade televisiva, tentando definir os candidatos pela negativa antes que eles se possam definir pela positiva.
Num país que não oferece tempo de antena grátis aos candidatos, essa publicidade pode ser crucial. Numa carta aos seus apoiantes, a campanha de Obama diz que os seus adversários já puseram de lado 300 milhões de dólares para uma campanha contra ele na televisão – esse é dinheiro de grupos de interesses, gasto para além do que vier a ser dispendido pela campanha de Romney.
Os democratas também contam com o apoio de vários desses grupos, nomeadamente advogados, sindicatos e associações de minorias étnicas.
Em anos anteriores, as despesas destes grupos em apoio a candidatos eleitorais eram muito limitadas por lei. Mas o Supremo Tribunal americano determinou que os grupos de interesses sectoriais e as próprias empresas e associações empresariais têm liberdade de expressão, liberdade que se traduz da possibilidade de gastarem o que quiserem a promover as ideias políticas e que entenderem.
Devido a isso, calcula-se que o preço desta campanha eleitoral seja o maior de sempre. Na campanha de 2008, entre Barack Obama e o republicano John McCain, cada um gastou cerca de mil milhões de dólares. O custo total da campanha, incluindo as despesas de todos os candidatos e todos os grupos e associações, ascendeu a 5,3 mil milhões de dólares: um aumento de 27% em relação a 2004, de acordo com contas feitas pelo jornal online Politico.com