Rússia diz haver “questão problemática” com Angola devido aos diamantes de Catoca

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Alexei Moiseev

O vice-ministro das Finanças da Rússia Alexey Moiseev disse hoje existir “uma certa questão problemática nas relações com o governo de Angola” mas acrescentou que essa “comoção” existe no contexto de negociações.

O ministro falava sobre a pressão de Angola para a companhia russa Alrosa abandonar a sociedade que tem com a Endiama na mina de diamante de Catoca.

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O vice-ministro russo reagia às noticias e declarações das autoridades angolanas sobre a necessidade da Alrosa abandonar a sociedade devido às dificuldades que a companhia mineira de Catoca está a encontrar com bancos e fornecedores devido às sanções internacionais aplicadas à Russia devido à invasão da Ucrânia.

Mina de diamantes em Catoca

Moiseev, citado pela agência russa Interfax disse que as duas partes continuam negociações com o objectivo de “assegurar o desenvolvimento progressivo de ativos locais”.

“Obviamente uma companhia que é alvo de sanções terá várias restrições no que diz respeito ao desenvolvimento desses ativos locais e isso preocupa a parte angolana”, afirmou.

Como a Voz da América noticiou esta semana as autoridades angolanas querem que a Alrosa abandone a sociedade mineira de Catoca onde a Alrosa detém 41% das ações havendo no entanto desacordo sobre como é que isso poderá ser feito.

Numa conferência de imprensa, na última semana, o presidente do conselho de administração da Endiama, Ganga Junio, referiu que o bom desempenho e a credibilidade de Catoca depende da saída da Alrosa.

Ganga Júnior revelou que as sanções contra os russos estão na base de muitos fornecedores importantes questionarem a parceria de Angola com a multinacional russa nos negócios dos diamantes, tanto é que segundo afirmou os principais fornecedores externos de Catoca e muitos bancos estão a recuar nos negócios por Catoca ter como sócia a empresa russa.

O vice-ministro das Finanças russo reagiu afirmando ter havido “uma comoção não muito clara” sobre a questão.

“Temos na verdade uma certa questão problemática com o governo de Angola mas tudo isso existe no contexto de negociações”, disse Moiseev para quem “negociações muito ativas estão a desenrolar-se para ver como resolver a questão da melhor forma”.

O vice-ministro russo reconheceu que o mercado internacional de diamantes “atravessa de momento um momento algo difícil” acrescentando que as duas partes estão a abordar a questão “construtivamente”.

Recentemente representantes angolanos reuniram-se com uma delegação russa no Dubai para discutir os termos para a saída da Alrosa da sociedade mineira de Catoca. Desconhecem-se pormenores concretos dessa reunião.