Robert Gabriel Mugabe demitiu-se da presidência do Zimbábue, que ocupou durante 37 anos, desde que o país tornou-se independente da Grã-Bretanha.
Ele foi primeiro-ministro e Presidente.
Mugabe nasceu em Fevereiro de 1924, numa família da etnia shona em Kutama, na então zona sul da Rodésia.
Ideologicamente é descrito como um nacionalista africano.
Nos anos de 1970 e 1980 identificou-se como marxista-leninista, mas nos de 1990 dizia-se socialista.
As suas políticas, no entanto, receberam o nome de “Mugabismo”.
Robert Mugabe foi professor na Rodésia (hoje Zimbábue) e no Gana.
Lutou pela independência da Rodésia, uma colónia britânica governada por uma minoria branca.
Depois de fazer críticos contra o Governo branco minoritário, foi acusado de sedição e esteve preso durante 10 anos.
Em 1974 quando foi libertado e fugiu para Moçambique, onde estabeleceu a União Nacional Africana do Zimbábue e dirigia a guerra de libertação contra o Governo de Ian Smith.
Participou na negociações que produziram o Acordo de Lancaster e o desmantelamento da governação de minoria branca.
Em 1980, realizaram-se as eleições gerais, na quais Mugabe levou a ZANU-PF à vitória.
Apesar dos seus apelos iniciais à reconciliação nacional, as relações raciais sofreram um declínio e a fuga dos brancos.
As relações com Joshua Nkomo, da ZAPU, também entraram em declínio.
Reviravolta nas políticas
Entre 1982 e 1985, ele desbaratou a oposição em Matabeleland em que pelo menos 10 mil pessoas, na sua maioria Ndelebe, seriam mortas.
Levou a cabo a descolonização, fez redistribuição de terras e a partir de certa altura incitou à tomada violenta das terras, que estavam, na sua grande parte, nas mãos de fazendeiros brancos.
O resultado foi o declínio da agricultura e da produção alimentar.
Seguiu-se um longo período de fome e declínio económico e apelos nacionalistas.
Sob a liderança de Mugabe, o Zimbábue enviou tropas para o Congo, esteve à frente do Movimento dos Não-Alinhados e da Organização de Unidade Africana e da sua sucessora, a União Africana.
A 15 de Novembro de 2017 foi colocado sob prisão domiciliária na sequência do seu afastamento do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, enquanto decorria um golpe militar.
Quando nesta terça-feira, 21, deu-se o inicio ao processo para a sua destituição, Robert Mugabe assinou o seu fim, enviando uma carta ao Parlamento.
Foi o fim de uma era.
Grace
Mugabe era um homem que se preocupava com a sua aparência, vestindo um fato de três peças e insistindo com os seus ministros para se vestirem de forma semelhantes.
Os seus óculos de aros largos são uma das suas marcas.
Como o pequeno bigode que ostenta.
A sua primeira mulher foi Saly Hayfron, descrita como a sua verdadeira confidente e amiga, era uma das poucas pessoas que desafiava as suas ideias.
Enquanto estava casado com Sally, iniciou um caso extramatrimonial com a sua secretária Grace Marufu, 41 anos mais nova do que ele, e tambem casada na altura.
Os dois acabariam por ter filhos, enquanto relação era mantida em segredo.
Quando a esposa faleceu, Robert Mugabe casou com Grace.
Como primeira-dama, Grace Mugabe ganhou a reputação de gostar de luxo e de gastar rios de dinheiro.
Ao logo dos últimos anos tornou-se notória a sua aspiração política que a levou a fazer pronunciamentos controversos e o afastamento de conhecidos políticos, incluindo vice-presidentes.
Em Dezembro, diz-se, Mugabe pretendia nomeá-la para vice-presidente com a ideia de que poderia sucedê-lo na presidência.