Igreja Católica na Lunda Norte revelou que grande parte dos refugiados congoleses não querem regressar tão cedo ao seu país por continuarem vivos, nas suas mentes, os traumas resultantes da guerra.
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Na semana passada, os governos de Angola e da República Democrática (RDC) acordaram que o repatriamento dos mais de 35.000 cidadãos congoleses inicia em Março.
O pároco da Lunda Norte, padre António Macoco Muiamba, que integra a campanha de assistência humanitária aos campos de assentamento, disse à Voz da América que muitos refugiados preferem continuar em Angola até que o Governo do seu país crie condições psicológicas para o seu regresso.
O sacerdote católico, que lamenta que a Igreja local não tenha sido contactada para o efeito, disse que os refugiados escreveram já uma carta aos bispos do seu país a manifestarem o desejo de não quererem voltar, para já.
Também o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), foi citado como tendo defendido que o repatriamento tem de ser voluntário e que devia haver negociações com a comunidade refugiada na província da Lunda Norte.
A decisão dos dois governos, tomada num encontro bilateral, realizado na semana passada na RDC, foi sustentada com o facto de se registar já estabilidade naquela região, com o fim dos conflitos étnico-políticos que assolaram as regiões congolesas do Kasai, Kassai Central, Lualaba e Kwango.
As autoridades daquelas quatro províncias congolesas deverão deslocar-se em Fevereiro à província angolana da Lunda Norte, onde se encontram os refugiados para os sensibilizar a regressarem às suas zonas de origem.
Angola acolhe, desde Março de 2017, 35 mil refugiados provenientes da província de congolesa de Kasai, que procuraram refúgio em território angolano, mais concretamente na Lunda Norte.