A Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR) não vai emitir um mandado de captura, por agora, contra Isabel dos Santos e, segundo o seu titular Hélder Pitta Grós, a filha do antigo Presidente pode regressar ao país e responder ao processo que lhe foi movido.
"Acreditamos nas pessoas e como não estamos de má-fé com ninguém, tudo pode acontecer. Se ela aparecer será muito bom para nós e para ela também. Não há nenhum mandato de captura contra ela", assegurou Pitta Grós em declarações à SIC Notícias, em Lisboa, Portugal, nesta sexta-feira, 24.
Para o procurador, o que se pretende é que Isabel dos Santos responda ao processo e ajude no repatriamento dos bens que poderão ter saído ilegalmente de Angola.
Veja Também Isabel dos Santos diz que vai agir contra revelações difamatóriasSem dar muitos detalhes sobre o encontro mantido na quinta-feira, 23, com a sua homóloga portuguesa Lucília Gago, em Lisboa, Pitta Grós disse, noutra entrevista à RTP, ter entregue cartas rogatórias para que o Ministério Público português notifique os portugueses envolvidos no caso da transferência da Sonangol para o exterior após a exoneração de Isabel dos Santos da empresa petrolífera angolana.
"Temos as cartas rogatórias e houve a constituição de arguidos. Alguns deles são portugueses e têm residência permanente aqui em Portugal. É necessário que sejam notificados do despacho que os constitui como arguidos para, a partir daí, poderem ser interrogados", revelou Helder Pitta Grós.
Veja Também Portugal e Angola podem cooperar na investigação aos negócios de Isabel dos Santos, diz jurista portuguêsNa quarta-feira, 22, o PGR revelou que a justiça tinha constituído arguidos Isabel dos Santos, Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA, Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS, e Nuno Ribeiro da Cunha, gestor de conta de Isabel dos Santos no EuroBic.
A decisão surge no final do inquérito feito pela PGR à gestão de Isabel dos Santos na Sonangol, entre Junho de 2016 e Novembro de 2017, aberto depois do seu sucessor, Carlos Saturnino, levantar suspeitas sobre "transferências monetárias irregulares ordenadas pela anterior administração da petrolífera nacional e outros procedimentos incorretos".
No mesmo dia à noite, Nuno Ribeiro da Cunha foi encontrado morto em casa, com a polícia a apontar para suicídio.
Veja Também Isabel dos Santos vende milhões de dólares de acções do EurobicNas entrevistas em Portugal, o PGR comentou a alegação de Isabel dos Santos de haver uma conspiração contra ela e, como indicou em entrevista à BBC, ter sido perseguida pela polícia secreta na sua última deslocação a Angola.
"Há violência em todas as cidades, capitais, mas Luanda também poderá ter uma certa violência porque o dinheiro que foi subtraído poderia ter sido utilizado para a construção de escolas, hospitais e centros de formação", respondeu Pitta Grós com alguma ironia, acrescentando que o dinheiro retirado de Luanda contribuiu para os elevados níveis de criminalidade da cidade.
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