Pelo menos 30 mortos em Moçambique desde o início da violência eleitoral, diz HRW

  • AFP

Protesto contra o partido no poder em Maputo

Na quinta-feira, na maior manifestação até à data, vários milhares de pessoas marcharam em Maputo.

A Human Rights Watch (HRW) disse esta sexta-feira, 8, que pelo menos 30 pessoas foram mortas em Moçambique em quase três semanas de repressão dos protestos contra uma eleição presidencial contestada.

“Pelo menos 30 pessoas foram mortas entre 19 de outubro e 6 de novembro, inclusive em todo o país”, disse a HRW à AFP.

O número de mortos não inclui a violência registada a 7 de novembro, quando a polícia e os soldados dispersaram milhares de manifestantes na capital, Maputo.

A nação da África Austral tem sido abalada pela violência desde que o partido Frelimo, que está no poder há quase 50 anos, ganhou as eleições de 9 de outubro com mais de 70 por cento dos votos.

Prevê-se que o Presidente Filipe Nyusi abandone o cargo no início do próximo ano, no final do seu mandato de dois anos, dando o lugar a Daniel Chapo.

O principal candidato da oposição, Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido Podemos, ficou em segundo lugar na corrida presidencial, com 20% dos votos, mas disse que os resultados eram “falsos”.

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Utilizando as redes sociais, Mondlane levou os seus apoiantes para as ruas para se manifestarem contra os resultados, levando a confrontos com a polícia e soldados.

Na quinta-feira, na maior manifestação até à data, vários milhares de pessoas marcharam em Maputo, algumas atirando pedras e montando barricadas, antes de serem dispersadas pelos agentes de segurança.

O maior hospital da cidade, o Hospital Central de Maputo, disse na sexta-feira ter registado três mortes só devido a esse protesto.

Também tratou 66 pessoas feridas, quatro das quais em estado grave, disse o porta-voz Dino Lopes aos jornalistas.

Alguns manifestantes ajoelhados gritam palavras de ordem durante manifestação no bairro Maxaquene, Maputo, Moçambique, 7 de novembro

Uma ONG local, o Centro para a Democracia e os Direitos Humanos (CDD), afirmou ter registado 34 mortos até 7 de novembro.

“O que começou por ser um apelo à justiça eleitoral transformou-se numa demonstração brutal de repressão estatal”, afirmou o CDD.

As forças de segurança não confirmaram de imediato o número de mortos, mas devem dirigir-se aos jornalistas ainda esta sexta-feira.