Forças da ordem impediram nesta quarta-feira, 5, uma vigília das organizações da sociedade civil em protesto contra a “destruição“ do Parque N'Batonha, e Bissau, para a construção de uma mesquita, como confirmou ontem o Presidente da República.
“Fomos impedidos por homens armados e depois estão a nos a perseguir. Neste momento cada um está a procura de um esconderijo, há sim, um estado de terror”, disse um activista sob anonimato.
O activista ambiental Jaime Katar, um dos participantes na vigília, expçicou à VOA como terão sido abordados pela polícia durante a mobilização para dizer STOP à destruição do Parque da Lagoa de N’Batonha:
"Chegamos aí e 30 minutos, depois começaram a chegar aparatos militares [polícias], que começaram a nos dispersar. Depois fomos nos concentrar num outro espaço que é para depois irmos ter com a Câmara Municipal de Bissau. E logo que chegamos à Câmara Municipal de Bissau, no sentido de podermos fazer uma pressão para que o Presidente [da Câmara Municipal de Bissau] nos conceda uns minutos de audiência para falarmos do assunto, também fomos dispersos dali", contou.
Kata reiterou que, mesmo com a insistência das autoridades em prosseguir com as obras no Parque da Lagoa de N’Batonha.
"Vamos continuar a fazer o nosso trabalho, que é de criar mecanismos, com vista a encontrar-nos com os órgãos da soberania, um diálogo talvez possa resolver isso. Há muitas pessoas que já desistiram, porque acharam que é uma guerra perdida. Ou seja, que N'Batonha já foi danificada mais de 1/3. Mas, nós ainda continuamos coesos e persistentes que o N’Batonha, mesmo se for escavado e compactado com pedras em todo o seu diâmetro, ainda mantemos a convicção que não se deve construir no N’Batonha", afirmou o activista, acrescentando que o grupo enviou cartas a todos os órgãos da soberania, incluindo o Presidente da República, para pedir encontros para falar do impacto ambiental que a destruição do Parque da Lagoa de N’Batonha pode acarretar para a cidade de Bissau.
Ontem, Umaro Sissoco Embaló assumiu a construção de uma mesquita, escola e centro de saúde no atual Parque de M'batonha e pediu a responsabilidade no tratamento de questões ligadas à religião.
"N'Batonha não é uma questão de desígnio nacional. Não se pode fazer política com certas coisas, sobretudo, num lugar sub-utilizado onde só havia répteis. Haverá consequências para quem lá for fazer manifestação”, avisou Sissoco Embaló.
Na mesma comunicação, no âmbito do tradicional balanço do ano, o Presidente acrescentou que “as pessoas podem fazer o teatro que quiserem, (mas) será construída uma mesquita naquele espaço para as pessoas irem lá rezar", e avisou que não vai permitir qualquer aproveitamento político com base no parque da Lagoa de N'Batonha.
Na segunda-feira, 2, o Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil tornou pública uma carta aberta endereçada ao Presidente da Câmara Municipal de Bissau em que denuncia “actos nocivos” no Parque Europa - Lagoa de N´Batonha”, no centro da capital.
Na nota a que a VOA teve acesso, as dezenas de organizações que integram o Espaço de Concertação falam de ausência da política educativa e boa conservação do Parque N'Batonha.
O Espaço desafia as organizações da defesa e preservação ambiental “a mobilizar-se para a protecção e salvaguarda do parque.
A VOA tem procurado obter uma reacção das forças da ordem, mas, até agora, não foi possível.