Nelcy Bidart, de 68 anos, é dexista e ouve a Voz da América desde a década de 60. Ouvir emissões em onda curta e corresponder-se com emissoras longínquas sempre foi um passatempo que Bidart adorava até o momento em que passou a ser perseguido por causa disso.
"Em 1975, as autoridades brasileiras procuravam chifres em cabeças de cavalo em todo o Brasil," lembra o professor reformado Nelcy Bidart. Ele refere-se ao momento da ditadura no Brasil, que começou em 1964 e terminou apenas em 1985.
Bidart conta que a perseguição começou com telefonemas feitos às escolas em que ele leccionava.
"Na ligação uma pessoa dizia que a qualquer momento eu seria preso".
Ele define esse momento de sua vida como "uma situação constrangedora," que chegou até a causar um certo pânico na família e também na comunidade.
Nelcy Bidart foi intimado e prestou declarações aos agentes da polícia.
"Queriam saber das viagens que eu tinha feito ao exterior. Na realidade, a única viagem que fiz naquele ano foi uma viagem de recém-casado a Montevidéu no Uruguai
Bidart disse que foi registado no DOPS (Departamento de Ordem e Política Social), mas com a ajuda do pai e de um advogado tudo foi elucidado e encerrado.
Segundo declarações feitas por Nelcy Bidart ao Boletim DX Sem Fronteiras, segunda edição, em 2015, o crime que ele havia cometido, na visão das autoridades, foi ter recebido, por exemplo, um QSL (cartão de confirmação da qualidade de recepção) da Rádio Budapeste, na Hungria. Queriam saber se ele era informante daquele país comunista.
Nelcy Bidart é reformado e mora em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, Brasil. Dava aulas de educação física em duas escolas (Liberato Salzano e Santa Teresa de Jesus) e trabalhava como técnico em lazer no SESI (Serviço Social da Indústria)
Confira a entrevista na íntegra.
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