Os observadores da União Europeia, no processo eleitoral moçambicano, apresentaram hoje o seu relatório preliminar, considerando que apesar de o processo ter corrido de forma tranquila, na generalidade, o partido no poder foi muito favorecido.
Falando aos jornalistas, na manhã desta Sexta-feira, 17, Judith Sargentini, a chefe da missão de observadores, referiu que a Frelimo "teve acesso a mais meios e mais cobertura que os restantes partidos, durante a campanha a eleitoral".
A chefe da Missão de Observação Eleitoral da UE disse ainda que a transparência do processo depende do reconhecimento dos resultados por parte dos três partidos.
Entretanto, numa entrevista à Lusa divulgada no domingo, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, estabeleceu uma relação entre violência e o reconhecimento dos resultados das eleições, referindo que "serão aceites quando forem justos e transparentes".
Os resultados parciais das eleições, fornecidos pelo STAE, apontam para a vitória de Filipe Nyusi, da Frelimo, com 61,6 por cento dos votos, liderando em círculos eleitorais como Nampula, Maputo Tete e Gaza.
Afonso Dhlakama conta com 30,8 por cento, liderando em dois círculos eleitorais, Sofala e Zambézia.
A contagem dos votos coloca Daviz Simango com 7 por cento.
A contagem é referente a 20 por cento de mesas e os resultados finais serão divulgados a 29 de Outubro.
Observadores avaliam processo eleitoral
A Missão conjunta de observação do EISA e do Carter Center considera que o processo de votação decorreu em grande medida numa atmosfera de tranquilidade embora tenham sido registados incidentes isolados, onde se destacam a obstrução de estradas e confrontos entre a polícia e manifestantes em Angoche (Província de Nampula) que resultou no uso do gás lacrimogéneo e em tiroteo, bloqueio de estradas por manifestantes no exterior de um centro de contagem na Beira que resultou no recurso a disparos pela polícia para dispersar a multidão e uma troca de tiros aproximadamente a 3 ou 4 quarteirões de um centro de contagem na Cidade de Nampula.
Aquela missão refere que embora estes incidentes tivessem sido de natureza grave, foram localizados e não afectam a credibilidade do processo e o seu resultado.
O chefe da Missão de Observação Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), antigo presidente de Cabo Verde Pedro Pires, na sua declaração preliminar das eleições em Moçambique congratula o povo de Moçambique pela realização de eleições credíveis, livres e pacíficas que muito contribuem para o reforço das instituições democráticas.
Não obstante o registo de incidentes, o mesmo considera que estes não põem em causa a integridade do acto eleitoral, nem a legitimidade dos seus resultados.
Por seu lado, a Missão Observatória da União Africana observou o período pré-eleitoral incluindo a campanha e o dia da eleição e considera que o processo foi largamente pacífico e livre.
A missão observatória da SADC congratula a Comissão Nacional de Eleições por gerir o processo eleitoral de forma transparente e profissional. Apela aos partidos políticos a envergarem por meios legais para apresentarem as suas preocupações relativamente ao processo.