Obama endurece discurso contra adversários republicanos.

  • Luís Costa Ribas

Presidente Barack Obama, no estado de Ohio, onde exortou o Congresso a aprovar mais fundos para obras públicas, lembrando que elas ajudam a criar emprego.

Presidente diz que Congresso bloqueia as suas propostas, mas não tem alternativas para criar empregos

Pela terceira vez este ano, levantou-se a possibilidade de o governo americano fechar as portas por falta de fundos.

No sistema americano, o governo só pode gastar o que o Congresso aprovar. E se o Congresso não aprovar as leis do orçamento ou duodécimos, o governo encerra, excepto os serviços de emergência e de segurança nacional.

Ontem à noite, o Senado evitou o encerramento com um acordo que permitirá financiar a actividade governativa até 18 de Novembro, esperando-se que, até lá, seja possível concluir o orçamento de estado para o ano fiscal de 2012 que – nos Estados Unidos – começa já no dia 1 de Outubro.

Mas porque razão é tão difícil aprovar o orçamento, num país com uma tradição de compromisso na política? A razão é simples: há, desde há cerca de um ano, uma erosão dessa prática americana do compromisso.

Nas eleições legislativas de 2010, foram eleitos muitos congressistas republicanos, de um movimento radical chamado Tea Party. Esse movimento é ideologicamente contrário à existência de um governo central forte e entende que este deve ter um papel muito limitado na vida das pessoas.

Para fazer vingar essa posição, o Tea Party consegue pressionar os líderes republicanos a radicalizar as suas posições. Os democratas contra – radicalizam e o processo político fica paralisado.

Por exemplo, esta semana, o problema que quase fez encerrar o governo tinha que ver com a aprovação de fundos para as vítimas de desastres naturais, que se abateram sobre os Estados Unidos no Verão. Os dois partidos americanos não se entendiam.

Primeiro, alguns republicanos não queriam aprovar os fundos e depois exigiam que as verbas para os desastre fossem retiradas a um fundo para promover a produção de automóveis que não poluem. Os democratas disseram que não.

O entendimento foi possível porque há uma grande pressão do presidente sobre o Congresso – a quem exorta a trabalhar mais e falar menos. Em vez de tentar o compromisso (que diz não ser possível com os republicanos radicais) Barack Obama está a viajar pelo país, utilizando linguagem muito dura contra os seus adversários.

Num comício recente, chamou-lhes piegas e queixinhas. E lembrou que o Congresso bloqueia as suas propostas, mas não tem alternativas para criar empregos e fazer crescer a economia.
E exortou-os a aprovar o seu plano de fomento da criação de emprego, que a maioria dos republicanos rejeita, por conter a eliminação de isenções fiscais para os mais ricos.

Referindo-se à exigência republicana de manter os impostos dos ricos mais baixos à custa da classe média. Obama disse que para ele é óbvio que um milionário deve pagar impostos em percentagem igual à de um empregado da limpeza. Mas actualmente a taxa de colecta aos milionários é mais baixa.

Com Obama neste registo populista, a Casa Branca e os democratas esperam melhorar a sua sorte política – a um ano das eleições presidenciais.

A economia não está crescer muito, o desemprego continua alto e o presidente precisa – no mínimo – de ser visto a trabalhar para que as coisas melhorem. Ele está a fazer isso e a tentar mostrar que se as coisas não melhoram é porque os republicanos não deixam.