A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (Ceast) emitiu ontem uma dura Nota Pastoral em que diz que a falta de ética, a má gestão do erário público e a corrupção generalizada estão na origem da crise económica e financeira em Angola, e não apenas o petróleo, como tem dito o Governo.
Os bispos fazem um radiografia do país, da seca à corrupção, dos valores à partidarização da comunicação social.
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Analistas contactados pela VOA mostram-se surpresos com a posição da Igreja e afirmam que os bispos apenas estão a exercer a função de que estavam um pouco arredados.
O jurista Albano Pedro mostra-se surpreendido com a Nota Pastoral porque, segundo diz, a Igreja Católica não tem tido uma postura tão imparcial em Angola, tomando partido em muitos casos.
Pedro lembra que em muitas ocasiões, a Igreja manteve-se impávida e sem qualquer reacção, mas agora “percebe-se que é uma grande surpresa porque tem sido rara”.
Albano Pedro elogiou, no entanto, os bispos e apelou para o comprimento do seu papel no seio da sociedade.
“O papel da igreja na sociedade é muito grande, é uma função altamente mobilizadora, e obviamente um posicionamento desse tipo vai obrigar os membros do Governo a terem um cuidado muito especial nas questões que foram apontadas”, acrescentou aquele jurista.
Por seu lado, o psicólogo Nvunda Tonet acredita que, a partir de agora, a Igreja Católica “vai ter um papel mais decisivo, nomeadamente na influência na gestão e dos conselhos ao Executivo”.
Na Nota Pastoral de ontem, 9, a Ceast criticou também a partidarização dos meios de comunicação social que “devem estar ao serviço de todos”.
No entanto, os órgãos públicos não divulgaram a mensagem dos bispos emitida depois da primeira Assembleia Plenária Anual da Ceast.