Governo nigeriano acusado de favorecer radicalismo islâmico

  • Peter Heinlein

Um polícia em patrulha passa em frente ao comando da polícia de Kano, atacado pelos bombistas

O padre Acha acusa os sucessivos governos nigerianos de terem ignorado o crescimento do radicalismo islâmico no país

Uma série de atentados bombistas por parte do grupo radical islâmico nigeriano Boko Haram constituem um sério desafio para o presidente Goodluck Jonathan.

À porta da Igreja de Santa Teresa, em Madalla, podem ver-se fiéis encaminhando-se para a missa, como o fizeram no Dia de Natal. No pátio da igreja podem ainda ver-se destroços do atentado de 25 de Dezembro: barras de metal torcidas, pedaços de cimento, árvores queimadas e uma enorme cratera aberta na estrada, no local onde o carro armadilhado estava estacionado com o bombista-suicida ao volante.

O padre da Igreja de Santa Teresa, Isaac Acha, chama pede aos fiéis que rezem pela alma das vítimas e também pela do autor do atentado:“Rezem a Deus, peçam perdão nos nossos corações, especialmente para aqueles que infligiram dôr nas nossas vidas".

Fora na Igreja, o padre Acha elogia os muçulmanos de Madalla pelo seu extraordinário apoio e ajuda durante os momentos difíceis que a sua igreja está a atravessar. Diz ele que, desde sempre, muçulmanos e cristão se consideraram parte de uma única comunidade.

O padre Acha acusa os sucessivos governos nigerianos de terem ignorado o crescimento do radicalismo islâmico no país, nos últimos dez anos.Diz ele:“O Boko Haram surgiram pouco depois de alguns governos terem dado a entender que a Nigéria deveria ser um Estado islâmico, introduzindo a Sharia, ou lei islâmica nos seus Estados.

A 30 quilómetros de distância, na principal mesquita de Abuja, a mensagem é de tolerância. O clérigo islâmico Huseyn Zakaria Mohamed concorda com o seu colega católico, afirmando que o crescendo das tensões sectárias tem sido tolerado e, nalguns casos, encorajado por aqueles que se encontram no poder.Huseyn Mohamed afirma que a maioria dos muçulmanos rejeita o radicalismo islâmico perfilhado pelo Boko Haram:“Nós não pregamos: “combatam os cristãos” na mesquita. Nós não fazemos isso. Os cristãos têm direitos num Estado islâmico. Na Nigéria, os cristãos têm que ter o seu direito a praticar a sua religião.”

Na Igreja de Santa Teresa,os paroquianos param nos degraus á saída do templo,depois da missa E comtemplam os estragos provocados pelo atentado bombista do Dia de Natal,questionado-se sobre as intenções do bombista suicida.Se o seu objectivo foi um atentado contra o Cristianismo, ele falhou, observam os fiéis,apesar de terem morrido 44 pessoas, 26 dos quais eram fiéis e outros 18 eram simples transeuntes, alguns dos quais muçulmanos.