Muitos dizem que, em Angola, acabou a guerra civil, mas que,agora, se morre ainda mais nas estradas. Os acidentes de viação constituem uma crise de saúde pública e uma das principais causa de morte no país. Segundo, a Angop, Angola é o terceiro país do mundo com mais acidentes de estrada. A gravidade do problema levou a polícia nacional a pedir a ajuda à Igreja Católica.
O Chefe de Departamento de Segurança e Prevenção Rodoviária de Viação e Trânsito do Namíbe,o inspector chefe,Isidro Tyeyavaly,disse que os bispos,os padres,os pastores e os catequistas,nas suas homilias devem exortar a população sobre a importância da vida humana, juntando-se,deste modo, ao activismo na luta contra a sinistralidade rodoviária que, no presente ano de 2011,na Província do Namibe causou a morte de quarenta e seis cidadãos e mutilou muitos outros.
"A nossa mensagem vai para as comunidades,vai para as igrejas sedeadas aqui na Província do Namibe, no sentido de que bispos,padre,pastores e catequistas não deixem de dizer uma palavrinha aos seus fiéis,porque a educação faz-se com palavras,faz-se com exemplos.Então,nas suas homilias dominicais, devem dizer alguma coisa,porque,afinal,o acidente não escolha ninguém,não diz que este é camponês ou não,o acidente vai ao encontro de todos nós" - exortou a comunidade religiosa,disse Isidro Tyeyavaly.
A Província do Namíbe registou, durante o ano em curso,406 acidentes,que se resultaram em 315 vítimas,sendo 46 mortos e duzentos e 69 feridos,causando igualmente prejuízos avaliados em mais de 24 milhões de kwanzas.Os acidentes tiveram como natureza,colisões entre automóveis,colisões entre veículos e motociclos,choques contra obstáculos fixos,despistes,capotamentos e atropelamentos.
O excesso de velocidade,a inobservância dos pressupostos do código de estrada,ultrapassagens irregulares,condução sob influência de álcool e condução de viaturas por pessoas não habilitadas, são de entre outros factores que estiveram na base destes acidentes.
Marília João Republicano,mãe de um dos filhos,vítima mortal do acidente de viação na cidade do Namibe disse que a irresponsabilidade dos motoristas e a cumplicidade da impunidade,por parte de quem de direito,moram juntos.Marília João apela á consciência da sociedade e lançou um repto aquém de direitos para que a Justiça contra prevaricadores seja exercida sem olhar à classe social da vítima,tal como aconteceu no caso do seu filho,tirado do passeio.
"No meu caso concreto,no que aconteceu com o meu filho, o homem nem sequer parou, fugiu, houve pessoas que o detectaram, comunicaram a polícia de investigação criminal, este homem contínua solto,não se deu sequência as investigações.Já passou o tempo que passou,um ano. Cometeu excesso de velocidade,matou,fugiu,mas está solto. O que é que eu,como mãe do falecido devo fazer?Fazer justiça por mãos próprias? Vou se calhar,fazer justiça por mãos próprias e também crime, devido a lei da impunidade. A lei da impunidade também passa pela consciência da sociedade», desabafou a mãe da vitima morta do acidente de viação, durante a reflexão do dia das vítimas das estradas".
A psicóloga clínica Yona Lemos defendeu que nem todas as pessoas que ocorrem as instituições de saúde pública,para efeitos de obtenção de atestados médicos para fins de obtenção de carta de condução,gozam de plena saúde para conduzir viaturas.A exigência de exames clínicos mais completos aos candidatos às cartas de condução,poderá ajudar baixar algumas das causas da sinistralidade rodoviária no país e em particular na Província do Namibe.
"É este trabalho que vamos começar fazer aos que requerem atestados médicos para obtenção de cartas de condução.Além do parecer do médico,também será necessário o parecer do psicólogo clínico, para se determinar o estado psicológico do requerente,porque o indivíduo pode aparentemente aparecer bem,mas apresentar alterações psicológicas",reiterou a psicóloga clínica.
Fotografias retratando acidentes especulares estão exibidos na localidade do Bairro Reis,à entrada da cidade do Namibe,palco da observação de um minuto de silêncio em memória das vitimas, num dos locais mais propensos a acidentes com derramamento de sangue na estrada.
Os bispos,os padres,os pastores e os catequistas,nas suas homilias devem juntar-se ao activismo na luta contra a sinistralidade rodoviária