A semana de protestos convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane contra o processo e os resultados eleitorais começou nesta quinta-feira, 31, com manifestações silenciosas e pacíficas em algumas cidades, e instituições e empresas privadas fechadas.
Os correspondentes da Voz da América em Moçambique dizem que o acesso à internet foi reduzido, com os utentes a terem pouquíssimo acesso às redes sociais.
Este tem sido o meio utilizado por Mondlane para convocar as manifestações, como fez na terça-feira, 29, em que pediu uma semana de protestos a partir de hoje.
Na capital, Maputo, a situação está aparentemente calma, mas as instituições públicas, estabelecimentos comerciais e outros estão encerrados.
Your browser doesn’t support HTML5
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, e o presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, anunciaram uma conferência de imprensa conjunta para hoje.
Antes, numa nota enviada via SMS, a PRM pediu à população que "abstenha-se destas práticas criminosas" e lembrou que "a vandalização e sabotagem de infraestruturas e bens públicos e privados, a obstrução de vias de acesso, a queima de pneus nas rodovias, são atos que interferem negativamente na ordem pública no país".
Na Beira, está tudo calmo e há uma manifestação selenciosa.
A cidade de Nampula, na província de mesmo nome, está quase deserta e os cidadãos e jornalistas queixam-se da falta de acesso à internet.
A polícia, no entanto, está bem presente e armada, mas poucos agentes foram vistos com munições de gás lacrimogénio.
Na rotunda do aeroporto, um contingente especializado da PRM esperava pelos manifestantes e houve informações não confirmadas de alguns confrontos.
Em Chimoio, na província de Manica, as ruas estão desertas e não há grandes movimentações de pessoas.
Pacto da oposição
Esta é a terceira onda de manifestações anunciada por Venânico Mondlane.
Ontem, os partidos políticos na oposição reuniram-se e decidiram fazer um pacto que visa a impugnação dos resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
“Nós queremos declarar a rejeição dos resultados anunciados pela CNE, por não estarem em conformidade com as normas e procedimentos, como, também, por serem caracterizados por vários vícios e violações à lei”, afirmou Dinis Tivane, um dos membros seniores do Podemos, segundo partido mais votado, conforme os resultados dos órgãos eleitorais ao falar em nome dos demais partidos.
A oposição acrescentou que os problemas das eleições deste ano foram tão graves que devem merecer uma auditoria forense para que os responsáveis do que chamam de mega fraude não saiam impunes.
Recursos
Desde o dia das eleições, 9 de outubro, os protestos degeneraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 11 mortos, dezenas de feridos e quase 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, a Federação Internacional dos Direitos Humanos e a Human Rights Watch.
A CNE declarou vencedor à Presidência da República o candidato da Frelimo, no poder, Daniel Chapo, com mais de 70, 70, 67 por cento dos votos.
O segundo melhor colocado foi o candidato apoiado pelo Podemos, Venâncio Mondlane, com 20,32 por cento, seguido de Ossufo Momade, da Renamo, com 5,81 por cento e Lutero Simango, do MDM, 3,21 por cento.
No Parlamento, a Frelimo obteve 195 dos 250 deputados, Podemos 31, Renamo 20 e MDM quatro.
Todos os governadores provinciais eleitos são da Frelimo.
O Podemos recorreu e pediu a rcontagem dos votos ao Conselho Constitucional, que já pediu todas as atas das assembleias de voto à CNE, antes de confirmar ou não os resultados oficiais.