Moçambique: Políticas do Governo para deixar "lista cinzenta" da GAFI levantam preocupações

Especialistas alegam que algumas reformas que serão necessárias sobretudo no sector da justiça, “vão colocar em causa algumas liberdades individuais, pensamos que é uma faca de dois gumes”.

O Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) diz-se preocupado com o impacto das medidas que o Governo de Moçambique pretende tomar, no contexto da luta contra a lavagem de capitais e financiamento ao terrorismo, com vista a sair da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI).

O director executivo Hermenegildo Mundlovu deu conta desta preocupação por receiar que ao controlar a circulação do dinheiro, a origem e o destino dos fundos das organizações da sociedade civil, o Estado possa colocar em causa as liberdades dos cidadãos.

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Moçambique: Políticas do Governo para deixar a "lista cinzenta" da GAFI levantam preocupam

Ele referiu que algumas reformas que serão necessárias sobretudo no sector da justiça, “vão colocar em causa algumas liberdades individuais, pensamos que é uma faca de dois gumes”.

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Contudo, Paulo Mungumbe, director dos Serviços Jurídicos, Estudos e Cooperação, no Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GAFI), tutelado pelo Ministério da Economia e Finanças, garante que o Estado vai proteger as organizações da sociedade civil porque já estão identificados as fontes e os sectores vulneráveis à lavagem de capitais e financiamento ao terrorismo.

Entre essas fontes figuram a corrupção, o tráfico de drogas e de seres humanos, o contrabando de metais e pedras preciosas, os raptos e cárceres privados.

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Entretanto, Borges Namirre, que acompanha este processo ao nível do Centro de Integridade Publica (CIP), diz que o Governo não avançou muito neste aspecto porque falta a lei que regule a organização e funcionamento das organizações sem fins lucrativos.

Aquele investigador nota que as organizações não governamentais moçambicanas são reguladas por uma lei, as organizações internacionais por um decreto e por sua vez as confissões religiosas também têm a sua própria lei.

Namirre defende que haja uma única lei e uma única entidade reguladora para todas as organizações, incluindo aquelas que não têm fins lucrativos, para que se possa controlar as suas contas.

Refira-se que Moçambique acaba de submeter ao GAFI o seu primeiro relatório de avaliação, mas o analista Moisés Mabunda afirma não acreditar que o país saia da lista cinzenta daquela instituição nos próximos dois anos, sobretudo devido à falta de seriedade com que as coisas são feitas no país.