Moçambique: Investimentos externos não chegam no ritmo necessário

Maputo

Investimento direto estrangeiro reduziu em 10, 6 por cento no primeiro trimestre de 2024 e continuam concentrados na indústria extrativa.

A combinação de fatores políticos relativos ao momento eleitoral que se observa em Moçambique e a situação de insegurança na província de Cabo Delgado estão a contribuir grandemente para a retração do investimento directo estrangeiro num país que não tem conseguido diversificar a sua economia, dizem analistas.

O volume de investimento direto estrangeiro reduziu em 10, 6 por cento no primeiro trimestre de 2024, tendo resultado na entrada liquida de fundos no valor de 926,7 milhões de dólares, segundo dados mais recentes do Banco de Moçambique.

Esta cifra situa-se abaixo da alcançada no ano anterior.

Your browser doesn’t support HTML5

Moçambique: Investimentos externos não chegam no ritmo necessário

O analista político Fernando Lima diz que dois factores fundamentais concorrem para esta situação, nomeadamente o facto de o país estar num ano atípico, um ano eleitoral, em que muitos investidores estão à espera do que vai acontecer nas eleições de 9 de Outubro, para tomarem as suas decisões, incluindo na indústria extrativa.

Veja Também Domínio de investimento pode tornar Moçambique vulnerável aos interesses chineses

Lima realça que, no global, "temos uma situação de que o país não tem estado bem nos últimos anos, nomeadamente todas aquelas renegociações da divida que têm acontecido, e isso demora algum tempo para se ganhar a velocidade nos mercados internacionais".

Isso ocorre numa situação em que algumas multinacionais como a ExxonMobil, por exemplo, que demora a tomar a decisão final sobre o seu projecto na área 4 da bacia do Rovuma, o que na opinião de Fernando Lima se deve ao facto de que a companhia esteve a refazer todo o seu projecto tecnológico, "transformando as duas fábricas de liquefação do gás iniciais em unidades menores mas com maior aproveitamento em termos de gases poluentes para a atmosfera, e isso atrasou o projeto".

Por seu turno, o sociólogo e investigador João Feijó diz que isso é verdade, mas a grande dificuldade da ExxonMobil é relativa à mobilização de fundos que a TotalEnergies, líder do consórcio para a exploração de gás, enfrenta para a retomada do projecto em Cabo Delgado porque a questão da segurança está estabilizada.

Feijó anota que "o problema agora são os financiadores, porque a Total não tem os 24 mil milhões de dólares para financiar o projecto’’.

Por seu lado, o analista político João Mosca considera que a retração do investimento é agravada pelo facto de que o país não tem conseguido diversificar a sua economia, sendo baseada fundamentalmente na indústria extractiva, o que faz com que fique fortemente dependente do capital proveniente deste setor.

Entretanto, o Governo, na voz do Ministro da Industria e Comércio, Silvino Moreno diz que esforços para a diversificação da economia estão a ser feitos, apostando fundamentalmente nos sectores da agricultura, energia e outros virados para a exportação.