Moçambique: Forças mistas abatem terroristas em Mocímboa da Praia

Mocímboa da Praia, Cabo Delgado, Moçambique

As forças mistas de Moçambique e Ruanda abateram três terroristas durante uma operação de perseguição aos insurgentes que invadiram nos últimos dias cinco aldeias muito próximas de Mocímboa da Praia, no norte de província moçambicana de Cabo Delgado e recuperaram uma grande quantidade de armas.

Grupos armados atacaram cinco aldeias e mataram sete civis, um por decapitação, desde 5 de janeiro em ofensivas que espalharam pânico e devolveram um clima de terror e insegurança a vila de Mocímboa da Praia, considerado o berço da insurgência, por o primeiro ataque ter ocorrido ali a 4 de outubro de 2017.

Após uma pressão da ação terrorista, a “força conjunta (moçambicana e ruandesa) fez a perseguição aos terroristas e foram encontrados, travou-se combate e três foram abatidos” a 9 de janeiro, disse em declarações por telefone, Sérgio Cipriano, administrador de Mocímboa da Praia.

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O dirigente disse que a força mista recuperou o material bélico usado pelos insurgentes e igualmente vários bens roubados pelo grupo. Os bens foram devolvidos a população das aldeias de Ntotue, Chibanga, Naciz, Ntadola e Chinda.

De lembrar que para enfrentar a insurgência, Moçambique pediu a ajuda do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), que enviaram tropas para Cabo Delgado.

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Conflito sem fim à vista em Cabo Delgado


Insurgentes infiltrados

O governo, disse, está a travar uma luta contra a propaganda de que os novos ataques terão sido protagonizados pelas forças estatais, contra “todo o esforço que estão a desenvolver, em ataques, emboscadas, para garantir segurança a população.

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"Queremos repudiar esse comportamento, não é justo. Não nos dignifica, porque nós estávamos a pensar que temos uma população que estivesse a aceitar as medidas do governo, que é da amnistia”, precisou Sérgio Cipriano, em alusão aos rebeldes amnistiados que se suspeita estejam a permitir novas infiltrações do grupo na vila autárquica.

Cipriano sugeriu que os atacantes são insurgentes residuais, que se estão a aproveitar das chuvas para se movimentar, bebendo das nascentes de rios e alimentando-se de frutos silvestres e animais selvagens.

“Temos alguma população nas aldeias, mas também temos alguma população em movimento, por temer que os terroristas voltem a atacar”, anotou Sérgio Cipriano, assegurando que a situação de segurança tende a normalizar.

Reforçou também que o governo e parceiros estão empenhados para retomar à economia e alguns serviços de acesso à água, saúde e educação, que voltaram a ser paralisados com os novos ataques.

Portanto, o pesquisador moçambicano, João Feijó, alertou para o risco de haver rebeldes infiltrados entre a população que regressa as aldeias de origem, e que possam mais tarde protagonizar pequenos ataques a partir dessas aldeias.

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Estudo com mulheres raptadas revela características dos insurgentes

Cabo Delgado assistiu uma escalada repentina de ataques insurgentes nos últimos dias, com o Estado Islâmico a reivindicar por cinco incursões desde o inicio do novo ano, incluindo o ataque que matou um promotor de saúde da organização humanitária Medico Sem Fronteiras (MSF) a 5 de Janeiro e outros quatro civis na aldeia Chibanga.

Estes ataques sucederam após, a 3 de Janeiro, o Estado Islâmico ter anunciado uma ofensiva militar genérica, que alcunham de campanha “mate-os onde os encontrar”, obrigando todos os seus grupos afiliados a intensificar os ataques.