O bispo de Pemba, Dom António Juliasse, manifesta-se preocupado com o aparente conformismo em relação ao cenário de violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique e apela à busca de alternativas à via militar no combate ao terrorismo, que ‘’continua a fazer vítimas mortais.
Juliasse, em declarações a jornalistas, na cidade de Pemba, capital daquela província, disse que as pessoas que morreram por causa da violência armada, não devem ser esquecidas.
"As pessoas continuam a morrer em Cabo Delgado. Se não morre a população, morrem militares e algumas pessoas não sentem a dor quando morrem cinco militares, mas esses militares são filhos de moçambicanos, e também se morrem insurgentes, algumas pessoas podem não sentir porque são causadores da violência, mas eles são seres humanos e não devemos ficar contentes’’, realçou Juliasse.
Ele referiu que ‘’nem sequer devemos dizer que a violência armada está a acontecer em Cabo Delgado, como se Cabo Delgado não fosse Moçambique’’.
Para Dom Juliasse, “Moçambique precisa de perceber que unidade nacional significa que o problema que existir numa parte do país é problema de todos os moçambicanos”.
Aquele prelado disse que os ataques armados continuam a fazer deslocados, apesar de muitos deles terem regressado às suas zonas de origem mas sem segurança garantida, “por terem entendido que não podem viver durante muito tempo como deslocados, tendo optado por conviver com o risco”.
"Não podemos comparar simplesmente e dizer que onde há este tipo de terrorismo nunca acaba e o que devemos fazer é controlá-lo, porque se o discurso for formulado desta forma, não mobiliza para procurarmos caminhos novos para acabarmos com esta dificuldade que temos,’’ destacou.
Entretanto, para o o ministro moçambicano da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, tudo o que está a ser feito em Cabo Delgado é no sentido de eliminar o terrorismo, daí que toda a capacidade que deve ser gerada deve continuar.
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