Moçambique: Assassinos de Siba Siba Macuácua e Gilles Cistac jamais serão conhecidos, analistas

Gilles Cistac

Vários anos passaram após os assassinatos do economista Siba Siba Macuácua, em 2001, e do constitucionalista Gilles Cistac, em 2015, entre outros, mas os autores dos crimes ainda não foram identificados, e analistas dizem que estes casos jamais serão investigados, porque isso não interessa ao sistema.

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Moçambique: Assassinos de Siba Siba Macuácua e Gilles Cistac jamais serão conhecidos, analistas

"Moçambique tem a fama de não investigar os vários crimes de sangue que ocorrem no país, e eu julgo que isso devia preocupar as nossas autoridades", afirmou o sociólogo Francisco Matsinhe.

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Na sua opinião, "não faz sentido que até hoje os assassinatos de Siba Siba Macuácua e de muitas outras pessoas, incluindo magistrados, não tenham sido esclarecidos".

O jornalista Laurindos Macuácua recorda que ele escreveu muito sobre essas mortes, acrescentando que as investigações à morte de Siba Siba Macuácua, "tiveram muitas barreiras, o que impediu a descoberta material".

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"O mesmo aconteceu com Gilles Cistac e outras pessoas, porque não interessa ao Governo do dia investigar esses casos", realçou.

Fernando Lima, jornalista, considera que o sistema judiciário moçambicano, muitas vezes, age em função da pressão da opinião pública, e há determinados processos em que o tempo vai tendo também os seus efeitos, que deixam de receber a pressão que deveriam receber por causa da sua importância.

Anotou que muitos dos raptos e assassinatos relacionados, "aquilo que habitualmente designamos como ajustes de contas, nem sequer são investigados ao nível primário, ou seja, ao nível da investigação e perícia policial.

"Isso porque se considera que são ajustes de contas, que muitas vezes têm origens em países terceiros, que envolvem pessoas que não têm nacionalidade moçambicana e, portanto, não são alvo da mesma pressão que seriam se os intervenientes processuais fossem outros", sublinhou aquele analista.

Para o analista Moisés Mabunda, a chefia máxima do estado, sem colocar a questão da separação de poderes, "devia ser mais contundente, para que haja mais seriedade no nosso sistema de justiça".

O constitucionalista Gilles Cistac foi baleado na cidade de Maputo, por quatro indivíduos que se faziam transportar numa viatura, quando saía duma pastelaria, na avenida Eduardo Mondlane, e morreu no Hospital Central de Maputo.

O economista e presidente do antigo Banco Austral de Moçambique, António Siba-Siba Macuácua, foi encontrado morto nas escadas do edifício-sede do banco, em Maputo. Ele foi morto quando investigava um caso de corrupção na gestão do Banco Austral.