Pelo menos 20 pessoas morreram asfixiadas e tantas outras ficaram feridas no final do espectáculo musical da cidade de Benguela, denominado Afro Music Channel, na madrugada de domingo, 16.
Fontes bem posicionadas, com ligações ao Ministério do Interior, revelam que o número de vítimas é superior ao que a Polícia deu a conhecer à opinião pública.
Oito corpos encontram-se na morgue do Hospital Geral de Benguela, o foco de todas as atenções, mas várias vítimas foram transportadas para outras cidades.
Lobito e Catumbela receberam 10 cadáveres, segundo fonte ligada à investigação criminal, que fala de um número superior às oito mortes referenciadas no plano oficial, estando entre as vítimas quatro senhoras.
O estádio do Nacional de Benguela, palco do espectáculo promovido pela LS Republicano, começou a viver os primeiros momentos de agitação quando se gritou pela presença de um renomado ‘kudurista’.
‘’Ouvi que a PIR atirou bomba tóxica. Depois, as pessoas desmaiaram por causa do fumo, uns pisavam nas cabeças de outras pessoas quando todos queriam sair. O motivo foi a confusão por causa da ausência do ‘Nagrelha’, o músico que muitos queriam ver, mas que ficou em Luanda’’, conta Alberto Augusto, familiar de uma das vítimas.
Ao lado, um outro familiar, que também se encontrava no Hospital de Benguela, lamentava o silêncio da organização de Nino Republicano.
‘’Vamos fazer as contas do óbito para que depois possamos entregar à organização. A partir daí, esperamos ser indemnizados. Eles deviam estar aqui ao lado, são vidas humanas’’, salienta.
A LS Republicano, organizadora do evento, não se dirige a familiares, nem fala à comunicação social, ao contrário do que se assistiu no lançamento do espectáculo.
A publicidade arrastou para o recinto cerca de 20 mil espectadores, o quíntuplo da capacidade do São Filipe, estádio que terá registado roubos, agressões e outras anomalias.