Em Moçambique, nesta quadra natalícia, um dos gestos mais simbólicos foi a oferta feita a crianças com necessidades especiais.
Oitenta crianças foram beneficiadas por Obra Dom Orione, um centro gerido por padres brasileiros e localizado na periferia da cidade de Maputo.
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É uma organização católica que sobrevive graças a apoios prestados por gente filantrópica e está em Moçambique há nove anos.
Em Maputo, o centro acolhe apenas crianças deficientes, cerca de 40 crianças, que não falam e, quase todas elas, mal se locomovem.
Ricardo Paganini é um padre brasileiro e é quem dirige o centro que tem 30 funcionários e para o qual trabalham também mais dois padres e quatro voluntárias estrangeiras.
Esses funcionários dizem estar ali porque amam o que fazem.
"Cuidar daquelas crianças, não é fácil", como reconhece Suzana Langa, 38 anos de idade, casada, e mãe de 3 filhos e mãe-atendente no centro.
De todas as crianças, Suzana Langa sente um carinho especial por uma: um rapaz de nome Julinho, que foi encontrado abandonado à porta do Centro Dom Orione, há 5 anos.
E, como a de Julinho, há muitas outras histórias tristes.
Aliás, quase todas as crianças têm um passado complicado.
Das 40 que o Centro acolhe, a maior parte ou é abandonada ou órfã de pai e mãe.
E quando as acolhe, explica o Padre Ricardo Paganini, o Centro procura dar tudo a essas crianças.
Para além das internas, o Centro atende também outras 40 crianças igualmente com necessidades especiais.
Às mães dessas, o Centro Obra Dom Orione oferece, todos os meses, uma cesta básica.
Angélica Massango, mãe de sete filhos, disse à VOA que o mais novo, com 7 anos, nasceu cego, tem problemas no coração e não anda.
Massango está desesperada porque tanto ela como o marido são desempregados, mas diz que não vai "nunca abandonar o menino".
O drama das crianças acolhidas pelo Centro Dom Orione sensibilizou um grupo de cidadãos em Maputo.
Denominado "Preciso Revelar um Segredo", o grupo, que integra mais de 37 mil membros, e é liderado por Maria Luísa Monjane, mobilizou-se e comprou produtos alimentares e de higiene e ofereceu um Natal solidário às crianças.
O Padre Ricardo Paganini disse que a alimentação e fraldas descartáveis são os produtos que mais falta fazem no Centro Dom Orione, Centro que, mensalmente, precisa de cerca de 7 mil dólares para pagar salários e fazer toda a assistência psicossocial das crianças.