Missionários católicos retiram-se de zonas de alto risco de terrorismo

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O Arcebispo católico de Nampula, Dom Inácio Saure, confirma que há ordens para que todos os missionários que se encontram em áreas de grande perigo de ataques terroristas fujam para zonas mais seguras.

A mensagem é particularmente relevante para os missionários de Cabo Delgado, província, que desde 2017, é alvo de ataques terroristas. Nalguns desses ataques, paróquias e infraestruturas da igreja católica foram destruídas.

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Missionários católicos retiram-se de zonas de alto risco de terrorismo

"De facto, não é boato. O próprio Bispo da Diocese de Pemba orientou os missionários que se encontram em missões de grande risco para se afastarem e estar na cidade de Pemba, e já estão lá alguns", diz Saure, que é também presidente da Conferência Episcopal de Moçambique

...mesmo se construirmos o abrigo, a pessoa sem comer não pode viver
Dom Inácio Saure

Ele explica que "não é porque não amam o povo, é porque é uma situação de perigo e nós não podemos nos expor assim quando há risco real de morte".

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Por outro lado, diz Saure, a situação humanitária “É extremamente grave, extremamente preocupante. Neste momento, por exemplo, a Caritas Arquidiocesana de Nampula continua na construção de abrigos, mas mesmo se construirmos o abrigo, a pessoa sem comer não pode viver”.

Alerta

Preocupado está também Manuel Rodrigues, governador de Nampula, província que faz fronteira, a norte, com Cabo Delgado.

"Os terroristas atacaram praticamente dois distritos da nossa província, nomeadamente Erati e Memba, onde além da destruição de escolas, centros de saúde, mataram os nossos concidadãos", recorda Rodrigues.

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Chiúre e Mecufi, distritos de Cabo Delgado, recentemente atacados por grupos terroristas, ficam perto de Erati e Memba. "Para nós, este recrudescimento das acções terroristas, na vizinha província de Cabo Delgado, leva-nos a ficar de forma ansiosa e triste, porque já temos a experiência amarga da acção terrorista," lamenta Rodrigues.

O governador confirma que já há população do distrito de Memba em busca de locais mais seguros. "Temos estado a ver até as crianças a saírem e não participarem nas aulas muito por conta desta ameaça", diz.

Rodrigues acrescenta que autoridades governamentais estão em alerta máximo, "e as Forças de Defesa e Segurança estão a fazer o trabalho de garantir a segurança na faixa que divide as duas províncias”.

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